Tablets e Livros: o desafio de equilibrar o futuro da Educação
Nos últimos anos, a presença de tablets nas escolas da região tem vindo a transformar a
paisagem educativa. O que outrora parecia ser um cenário futurista, onde os livros seriam substituídos por ecrãs, é agora uma realidade crescente nas nossas salas de aula. No entanto, esta transição digital gera uma questão pertinente: será que os tablets enriquecem verdadeiramente a experiência
educativa, ou será que um ensino sem tablets, continua a ser a melhor abordagem?
A introdução de tablets nas escolas tem sido defendida pela SRECT como uma evolução natural do ensino. Através destas ferramentas, os alunos têm acesso imediato a um vasto leque de recursos digitais: desde enciclopédias e vídeos educacionais a exercícios interativos e simulações. Esta
diversidade de conteúdos permite que os alunos aprendam de forma mais dinâmica e personalizada.
Além disso, a capacidade de aceder a informações em tempo real ajuda a promover um espírito crítico e de pesquisa, habilidades cruciais para o mundo contemporâneo.
Outro ponto forte dos tablets é a possibilidade de aliviar o peso das mochilas escolares,
carregadas de livros pesados. Com um único dispositivo, os alunos podem ter acesso a todos os seus manuais, cadernos de exercícios e até ferramentas de estudo personalizadas, otimizando a sua organização e o seu tempo de estudo.
Para os professores, os tablets também oferecem novas formas de ensino. Com a ajuda dos
quadros interativos já presentes em muitas escolas da RAM, a possibilidade de projetar conteúdos, utilizar aplicações educativas e interagir de forma mais direta com cada aluno, os professores conseguem adaptar as suas aulas às necessidades específicas de cada turma. Este contacto mais
direto e imediato com a tecnologia pode também preparar os estudantes para o futuro digital, onde o
conhecimento das novas tecnologias será essencial.
Mas nem tudo é “um mar de vantagens”. O uso excessivo de tablets pode criar um
distanciamento entre o aluno e os métodos de aprendizagem, como a leitura de livros físicos, a escrita manual e a realização de cálculos sem o auxílio de dispositivos eletrónicos. Estas habilidades continuam a ser essenciais, e a sua prática constante desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
Além disso, os alunos já estão também muito presos a um smartphone e que muitas vezes
substitui as brincadeiras de recreio. Esta preocupação é agravada pela evidência crescente de que o tempo excessivo em frente aos ecrãs pode ter efeitos negativos na saúde mental e física das
crianças/jovens, desde problemas de visão a dificuldades de concentração e distúrbios de sono.
O ensino sem tablets continua a ser defendido como um modelo eficaz, sobretudo pela sua
simplicidade e pelo foco na interação humana. Ao invés de depender de ecrãs, os alunos aprendem
através de livros, cadernos e o contacto direto com os professores, valorizando o esforço manual e a concentração, elementos que são vistos como essenciais para o desenvolvimento de competências cognitivas mais profundas, como a memória e o pensamento crítico.
Um ensino sem tablets promove um ambiente de aprendizagem menos dependente da
tecnologia e mais focado nas relações interpessoais. Os professores, neste contexto, desempenham um papel central, não apenas como transmissores de conhecimento, mas também como mediadores de debates, discussões e reflexões em sala de aula.
Para muitos, este contacto mais direto entre aluno e professor, sem a intermediação de um ecrã,
cria um espaço mais propício para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, essenciais para o crescimento pessoal.
Não será melhor encontrar um equilíbrio que permita tirar o melhor proveito de ambos? Os
tablets oferecem inegáveis vantagens no acesso à informação e na personalização do ensino, mas não podem substituir por completo a importância do ensino que valoriza o esforço manual, a concentração e as relações humanas.
A educação do futuro, tal como a imaginamos, pode não estar nem totalmente digitalizada, nem
completamente alheia à tecnologia. O desafio será encontrar um modelo híbrido que potencie o uso dos tablets sem sacrificar as competências e os valores que o ensino sempre cultivou.
E com tudo isto, é importante que cada estudante possa “fazer a diferença” e se preparar para a
vida.
José Augusto de Sousa Martins