Brasil vai continuar a receber refugiados venezuelanos
O Brasil vai continuar a acolher refugiados venezuelanos que queiram vir para o país, disse hoje o presidente brasileiro, Lula da Silva, frisando esperar que a Venezuela "volte à normalidade".
"O ministro das Relações Exteriores está com orientação e determinação da Presidência da República para que a gente trate com muito respeito as pessoas que estão vindo para o Brasil por necessidade de sobrevivência. Você sabe que o ser humano é meio nómada, quando ele não tem onde comer, quando ele não tem onde trabalhar, ele fica procurando outros lugares", disse Lula da Silva em entrevista à Rádio Norte FM, citada pela Agência Brasil.
Segundo as Nações Unidas, mais de 1,1 milhões de venezuelanos entraram no Brasil entre janeiro de 2017 e julho de 2024. Desse total, 532.773 já deixaram o país.
O chefe de Estado brasileiro sublinhou ainda que é necessário dotar Roraima, estado brasileiro vizinho da Venezuela, porque as pessoas que estão a chegar "vão ter que ser bem tratadas".
"Nós não queremos que essas pessoas venham para cá e passem mais necessidade ainda do que já passavam na Venezuela", afirmou.
O chefe de Estado brasileiro deixou ainda um desejo de que "a Venezuela volte à normalidade e que essa gente possa voltar para a Venezuela o mais rápido possível".
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.