Guterres condena ataque israelita a "zona humanitária" no sul de Gaza
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje o ataque realizado pelo Exército israelita no campo de refugiados de Al Mawasi, sublinhando que ocorreu uma zona designada como humanitária no sul da Faixa de Gaza.
"O uso de armas pesadas em áreas densamente povoadas é inadmissível. Os palestinianos mudaram-se para esta área de Khan Younis em busca de refúgio depois de terem sido repetidamente ordenados a fazê-lo pelas autoridades israelitas", frisou Stéphane Dujarric, porta-voz do diplomata português, em declarações aos jornalistas.
Stéphane Dujarric salientou que "não há lugar seguro em Gaza".
"[Guterres] Reitera mais uma vez o seu apelo a um cessar-fogo imediato e à libertação imediata e incondicional de todos os reféns israelitas e outros ainda detidos em Gaza", apontou o porta-voz.
Dujarric explicou ainda que após o ataque o gabinete de coordenação dos Assuntos Humanitários do organismo destacou uma equipa para a zona, com o objetivo de "identificar as necessidades mais urgentes da população".
A defesa civil da Faixa de Gaza, controlada pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), informou que pelo menos 40 palestinianos foram mortos e outros 60 feridos pelos bombardeamentos no campo.
O Ministério da Saúde de Gaza reviu depois em baixa, de 40 para 19, o número de mortos no ataque israelita ao campo de refugiados.
As Nações Unidas, a União Europeia (UE), a Turquia e o Reino Unido condenaram já hoje o ataque israelita.
"Condeno veementemente os ataques aéreos mortíferos efetuados por Israel numa zona densamente povoada, uma zona humanitária definida por Israel em Khan Yunis, onde as pessoas deslocadas estavam abrigadas", declarou o enviado da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, em comunicado.
O bombardeamento atingiu cerca de 20 tendas, nas quais dormiam pessoas deslocadas perto da mesquita Ozman bin Affan, atrás do hospital Britânico, situado no sudoeste da cidade.
"A explosão criou uma grande cratera e um incêndio. Os corpos e as tendas ficaram misturados na areia e há várias pessoas desaparecidas", relataram os serviços de defesa civil do enclave, que classificaram o ataque como um "massacre horrível".
Cerca de 90% da população de Gaza -- mais de dois milhões de pessoas -- está atualmente deslocada e quase todas essas pessoas estão amontoadas nesta "zona humanitária" designada pelo exército israelita, que cobre 14% do centro e sul da Faixa em áreas de Mawasi, Khan Yunis e Deir al-Balah.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo Israelita, em 07 de outubro, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou mais de duas centenas de reféns.
Desde então, Israel encetou uma ofensiva em grande escala no território palestiniano, que já matou mais de 41 mil pessoas, na maioria civis de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, além de ter provocado um desastre humanitário e desestabilizado todo o Médio Oriente.