Sexta-feira, treze

Mais um mês em que se dá esta coincidência. Será um dia de azar? Não! Positivamente e verdadeiramente, Não! Tentaremos mostrar quais as três razões que nos devem animar e alegrar sempre que se dá esta circunstância.

Todos os cristãos sabem que Cristo foi morto, depois de cruelmente atormentado e humilhado, numa sexta-feira. Foram esses açoites, troças, bofetadas, crueldades várias que, culminando numa crucifixão, salvaram do pecado todos os seres humanos de todas as épocas. É certo que a maior festa cristã é a Páscoa, dia da Ressurreição de Cristo que ocorreu três dias depois, mas a recordação deste dia é apenas a prova evidente da Verdade dos ensinamentos de Jesus. Entre os muitos milagres que fez, este, o de se ter ressuscitado a si próprio, foi o mais espantoso. Porém, o que nos salvou não foi a sua ressurreição, foi o seu sacrifício. Todo o bem é fruto do amor, e o amor manifesta-se fazendo a vontade do outro. Jesus, ensinando e pregando, fez, como verdadeiro Homem, a vontade do Pai mediante o sacrifício e a oração.

Temos então três razões para nos alegrarmos em cada sexta-feira, dia treze do mês; mas, se esse mês é o de setembro, a última razão repete-se, porque Deus não se faz rogado em multiplicar as graças que nos oferece.

Primeira razão: cada Missa celebrada renova, embora sem derramamento de sangue, a Paixão e morte de Cristo. Assim, o que aconteceu há dois mil anos em Jerusalém, naquela Sexta-feira, tem-se repetido desde então, com o mesmo valor redentor, isto é, salvador. Isto, cada Missa, vale muito mais e dura muito mais tempo do que o maior prémio da sorte grande. É na verdade motivo para grande regozijo.

Segunda razão: o número treze é considerado azarento, mas sem razão. Durante seis meses, os Pastorinhos de Fátima encantavam-se com as visitas da Mãe do Céu que vinha visitar e aconselhar os videntes cada dia 13. Entre Maio e Outubro, houve uma só excepção; foi no mês de Agosto, porque as crianças estavam presas na cadeia de Ourém e não puderam deslocar-se até à azinheira da Cova de Iria. Nesse mês, a Virgem Maria só apareceu no dia 19. Nesses dias 13, Nossa Senhora pedia que se rezasse o terço, e que se fizessem sacrifícios para consolar Nosso Senhor que estava muito triste. Avisou que a guerra iria terminar (terminou em 1918 e as aparições deram-se em 1917), mas haveria outra guerra pior que aquela se os pecadores não se convertessem. Estes conselhos, vindos de Deus através de sua Mãe, também são apropriados para o momento atual em que há guerras, iniciadas desde 2023, e com tendência a continuar e alastrar para outros países. O número treze é, pois, um número de esperança e de convite à Paz, usando a arma mais poderosa: o terço.

Terceira razão: a boa companhia. O dia 13 - a presença de Nossa Senhora - acompanha a Sexta-feira - Jesus que sofre. Estar perto, acompanhar alguém que sofre, é partilhar esse sofrimento que fica “dividido”. Acompanhar os que estão alegres, “multiplica” e prolonga essas alegrias. O acompanhamento na dor, no trabalho, na alegria é fonte de consolo, de colaboração, de felicidade que levam à paz, à união com Deus e com os outros.

E mais outra razão: se o dia de Sexta-feira 13 acontece em setembro, o dia seguinte é sábado dia 14. Repete-se a consolação da boa companhia. Recordemos que a Igreja dedica o dia 14 de setembro de cada ano à festa da exaltação da Santa Cruz, e que cada sábado é dedicado a Nossa Senhora. Aprendemos assim que, ao acompanhar Jesus na dor, Maria é nossa corredentora, também ela nos alcança inúmeras graças. Quando chega a nossa cruz e, em vez de a repelir, a aceitamos e abraçamos, estamos a participar das dores e méritos de Cristo e de sua Mãe. Também nós nos tornamos corredentores. É assim que somos salvos e colaboramos na salvação dos outros.

Isabel Vasco Costa