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Crónicas

Aproveitar governo de Montenegro

Algo afasta o governo regional dos gabinetes ministeriais. Não é sempre que se tem um governo do PSD em Lisboa

Não há medida que a todos satisfaça. Miguel Albuquerque é acusado de tarde acorrer aos incêndios na Madeira. Luís Montenegro é fortemente criticado por aproveitar a queda de helicóptero para ter palco impróprio e indevido. Nem um nem outro se atreveria a dar “ordens” operacionais.

Marcelo fugiu do rio Douro para não ser culpado de perturbação das operações. Ele que nunca perdeu uma “desgraça” para aumentar a sua popularidade. Sempre foi o primeiro a chegar, quando não tinha nem devia. Agora, como na Madeira, fugiu a se mostrar, na vergonha dos “culpados”.

Uma foto de Albuquerque na praia e um vídeo de Montenegro num bote tiraram verdade ao empenho dos dois na respectiva preocupação com as catástrofes. São dois operacionais políticos, responsáveis que sabemos não brincarem em serviço. Marcelo, qual pirilampo das televisões nacionais, não tem qualquer capacidade de manobra e pavoneia-se para o povo ver.

Depois das eleições, que mandou repetir apenas para desgaste da vida partidária madeirense, tem vergonha de aqui voltar e, então, envia o representante da República fazer o trabalho caricato de tirar umas fotos, de fato e gravata, sem se sujar. Tirou tempo precioso aos operacionais. Admiro a sua paciência para este papel!

Em política não pode ser um vale tudo. Uma coisa é negligência outra é um mau dia, coisa que todos temos. Mas a avaliação é global, por aquilo que sempre vimos como regra de conduta de cada protagonista. Sejamos sérios e uma coisa é certa: Miguel Albuquerque não pode ser responsabilizado nem pelo fogo nem pelo seu combate.

Ministros não vêm à Madeira

O relacionamento com os membros do governo da República parece ser o ponto fraco dos últimos governos regionais. Algo afasta os secretários regionais dos gabinetes ministeriais de Lisboa. Mesmo o presidente do governo regional poucas vezes agendou reuniões de trabalho sobre os temas cruciais da Madeira.

Ou falam secretamente, e nenhum assunto é tratado pois não é conhecida qualquer resolução, ou evitam este contacto pessoal que sempre se revelou o mais eficaz para dar a conhecer um assunto e ter decisão.

Nem vão a Lisboa, com agenda conhecida, nem os trazem à Madeira e Porto Santo para observar a realidade, discutir o tema e encontrar boa solução.

A presença ministerial na Madeira é o modo mais eficaz para fazer evoluir, mesmo concluir, um tema complexo que precisa de avaliação e discussão conjunta.

Ficarmos dependentes de estudos e pareceres de assessores, que não nos conhecem nem nunca cá vieram, é o pior dos cenários.

Não é todos os dias que temos um governo do PSD em Lisboa.

Sempre fomos convincentes perante aqueles que convidámos, recebemos com a nossa indiscutível hospitalidade e informámos com o nosso conhecimento e competência. Mostrar a realidade é a forma mais séria de expor um problema.

Recebemos presidentes da República, primeiros ministros, comissários europeus, ministros, secretários de Estado, deputados e muita outra gente com indiscutível influência, por exemplo jornalistas, a quem sempre procurámos convencer das nossas razões e aspirações. Sempre se ganhou alguma vantagem.

Mesmo aqueles patetas ditos comentadores de televisão, precisavam de uma visita de estudo à Região Autónoma onde ganhassem os conhecimentos básicos da nossa História, geografia, realidade autonomista e situação económica e social.

Podiam começar, de imediato, pelos directores dos vários canais de televisão. Um a um.

Quem mais subsidiou …

É estranhíssimo ver quem distribuiu subsídios a torto e a direito estar permanentemente a criticar a subsidiação da nossa pequena economia. No tempo do outro chefe, não houve pessoa ou instituição que, directa ou indirectamente, não tivesse recebido benefício de subsídio e não lhe tivesse sido dito que era o governo laranja o “padrinho” dessa prenda.

Ainda me recordo do secretário regional encarregue de ler as conclusões da reunião do governo regional ter de repetir três vezes a leitura de uma deliberação de subsídio que, pelo seu ridículo, generalizava a gargalhada na sala de imprensa.

Querem exemplos e “estórias” de subsídios?

O problema é a nova Madeira, da Europa e do desenvolvimento, depois de quarenta anos de investimento como nunca antes visto, não conseguir escapar à necessidade extrema de não poder prescindir de subsídios.

E dá pena querer divulgar a ideia que dar subsídios é desperdício quando tanto o pode ser como não. É caso a caso.

Vivemos numa economia débil, com empresas sem capital suficiente para investir, muito menos para apoiar o sector social, sem mão de obra disponível para trabalhar e que procura fugir aos impostos como forma de poupar algum. É natural que o governo redistribua parte das receitas públicas no suporte financeiro do muito que há a fazer e para o que, as instituições e as pessoas, não dispõem de capacidade própria.

Chapelada

Leram a definição de “chapelada” escrita pelo seu criador?

Ferry

Se não temos dinheiro para um novo hospital inteiro como arranjamos para um ferry? Ou para dois navios gémeos, como disse, para confundir, o empresário Mário Ferreira? Exigindo subsídios públicos para partilha de risco. Grande empresário! Assim, eu também quero. Não precisamos espertalhaços do Douro. Alguém sabe quanto é a comissão por cada navio desta categoria?

Somos todos burros ou é o único projecto que não sabemos resolver? É óbvio que não querem solução. Até um dia.

Já agora, registo que há um histérico no X contra a ideia do ferry, ainda que disfarce com o discurso que deve ser Lisboa a pagar. Querem que faça um desenho ou percebe-se porquê? É preciso mais um almoço?

Antes, regionalizávamos tudo e assumíamos a totalidade do custo. Foi assim em tudo o que passámos a tutelar. Agora, o critério é só se o Estado pagar. Grande Autonomia!

Os piores aeroportos do mundo

Temos azar duplo. Não só o aeroporto da Madeira é condicionado na sua operação, o que nos faz “sofrer” de várias maneiras, como o aeroporto de Lisboa, poiso obrigatório no regresso a casa, é um escândalo de desconforto e abuso de poder. Um dia nos libertaremos destas sanguessugas a quem, gente irresponsável, entregou ou deixou entregar os nossos aeroportos, especialmente o da Madeira. Depois da luta, bem sucedida, pela regionalização dos aeroportos da Madeira e do Porto Santo, ainda precisa de justificação a sua devolução a Lisboa para entrega à gestão francesa. Com tanto escrito absurdo era bom uma explicação desta “sábia” e “estratégica” decisão. Ainda que pior fosse impossível.

Acabem com a ciclovia

Resido na estrada Monumental e nunca vi qualquer bicicleta na chamada ciclovia. Acabem com ela alargando o passeio público, prejudicado pelas árvores, que muita procura tem. Isso sim seria melhorar a Cidade. E, já agora, ponham fim à loucura das “trotinetas”. Façam como Cascais, Paris, Madrid. Sem medos, pois os funchalenses não precisam delas. A Cidade é nossa! Ainda que não pareça.

Congresso do PSD

Alberto João Jardim solicitou a Miguel Albuquerque convite para integrar a delegação da Madeira ao Congresso do PSD que se realiza em Braga. É preciso ter lata: ser opositor e pedir para fazer parte da tropa que vai apoiar Albuquerque, sabendo-se que nunca nele votou. Nem vai votar. Uma coisa eu garanto a toda a gente: com ele a mandar nunca um opositor seria delegado ao Congresso. Não gostei. Não vou. Recuso-me a fazer de pateta.