Santa Cruz é a única corporação com equipa ERAS já constituída na Região?
No dia 23 de Agosto a Equipa de Reconhecimento e Avaliação da Situação (ERAS) da Companhia de Bombeiros Sapadores de Santa Cruz foi activada na sequência do incêndio que assolou a Madeira durante 13 dias.
Numa publicação feita na sua página de Facebook, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Filipe Sousa, referiu não compreender “a não convocação dos meios” deste concelho mais cedo, sublinhando que a corporação de Santa Cruz é a única que tem uma equipa de ERAS na Região.
Mas será que não existem operacionais de outros Corpos de Bombeiros formados nesta área na Madeira? E será que Santa Cruz é mesmo a única corporação com esta equipa constituída?
As ERAS são equipas de reconhecimento, com a missão de dotar o Comandante de Operações de Socorro (COS) com informação imediata e indispensável ao processo de tomada de decisão.
Segundo o Serviço Regional de Protecção Civil, estas equipas são normalmente formadas por dois operacionais, dotados de formação específica, que utilizam uma viatura ligeira para reconhecimento contínuo em directa articulação com o COS, realizando assim uma avaliação constante da evolução do incêndio, analisando as especificidades da forma como o mesmo se propaga.
Sabe-se que o Serviço Regional de Protecção Civil ministrou, através da Divisão de Formação, quatro formações de Reconhecimento e Avaliação da Situação em Incêndios Rurais desde 2021, tendo sido formados um total de 63 operacionais de todos os Corpos de Bombeiros da Região Autónoma da Madeira.
Compete ao Comandante das Operações de Socorro o empenhamento destas equipas nos respectivos teatros de operações. Ou seja, cada comandante pode constituir a sua equipa ERAS no momento, mas nenhuma corporação tem a equipa já constituída, à excepção de Santa Cruz.
O comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Santa Cruz referiu ao DIÁRIO que tem uma equipa ERAS permanente desde Janeiro de 2024, que em qualquer tipo de ocorrência pode ir para o teatro de operações.
Leonardo Pereira explicou que esta equipa “opera de forma autónoma dentro da Companhia, o que significa que a sua activação não exige a redistribuição de recursos humanos de outras operações em curso. Desta forma, a sua mobilização não implica a movimentação de bombeiros que possam estar envolvidos noutras missões, assegurando a eficácia e prontidão em situações de emergência”.
Adiantou ainda que esta equipa “é composta por dois bombeiros da categoria de Schf 1ª Classe, Milton Caetano e António João, ambos com vasta experiência em operações de socorro, o que permite uma resposta rápida e eficaz em diferentes cenários de emergência, garantindo um elevado nível de adaptabilidade e versatilidade táctica”, e explicou que formalização da equipa ERAS surge como resposta à necessidade crescente de monitorização contínua e imediata em situações de risco, permitindo ao comando da Companhia antecipar medidas operacionais, especialmente em casos de iminente ocorrência de acidentes graves ou catástrofes.
Além disso, destaca que a equipa dispõe de um veículo táctico equipado com recursos tecnológicos avançados, incluindo sistemas de informação, georreferenciação, comunicação e ferramentas de apoio técnico-operacional. Recursos esses que considera essenciais para garantir um fluxo de informação contínuo e fidedigno ao Comandante de Operações de Socorro ou ao Posto de Comando.
“O nível de prontidão desta equipa é ajustado de acordo com o Estado de Alerta Especial (EAE) do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro (SIOPS), o que assegura uma capacidade de resposta eficaz e coordenada com a situação de emergência vigente. Os veículos afectos estão equipados com diversos recursos tecnológicos e instrumentos de apoio à decisão, incluindo uma célula de drones que permite um levantamento aéreo rápido e preciso do cenário operacional”, esclareceu Leonardo Pereira, informando ainda que para além das funções de apoio ao comando, a equipa ERAS desempenha papéis fundamentais, tais como a validação e encaminhamento de meios, o acompanhamento de missões e pode também actuar como equipa de primeira intervenção em cenários críticos quando não existem outros recursos disponíveis.