Que futuro?
“O pedido de um estudo para esclarecer de vez se é ou não possível usar aviões e helicópteros nos incêndios florestais e urbanos na Madeira foi feito por Miguel Albuquerque a 10 de agosto de 2016, ainda no rescaldo dos fogos que mataram três pessoas e destruíram dezenas de casas no Funchal. “ (Expresso, 25 Abril 2017)
Qual a situação actual ?
João Batista, geólogo e investigador, disse que desde 2010 arderam 41 mil hectares (DN, 26 Ago).
O recente incêndio, durante 13 dias, ardeu mais de 5 mil hectares (Copernicus).
Destruiu património florestal, agrícola, paisagístico, a economia de localidades, a subsistência das suas populações, causou sofrimento humano.
O botânico Miguel Sequeira, na sua entrevista à Radio Renascença, disse que “não só já ardeu Floresta da Laurissilva, como zonas da Rede Natura 2000 e do Parque
Natural da Madeira. A sua recuperação pode levar 180 anos.”
“A floresta Laurissilva exclusivamente insular, no contexto da Europa, é original e valiosa por várias e importantes razões. “
“Para além da importância cientíica e de conservação que tem, a Laurissilva oferece muitos tipos de valores. Pode soar esotérico, mas o primeiro é o direito a existir das plantas e animais que a constituem. Para além disso, de forma antropocêntrica, a quantidade de serviços, os chamados “serviços de ecossistema”, que os clientes humanos usufruem da Laurissilva é grande. A começar pelos habitantes da Madeira.
Esta é uma floresta “produtora” de água, de proteção das encostas contra a erosão, de biodiversidade, de beleza e, enfim, de muitos milhões de euros. É que percorrer a frondosa Laurissilva da Madeira sob tis, loureiros, barbuzanos, urzes gigantes e vistosas plantas floridas, através das levadas, é uma experiência de fruição sensorial, estética e espiritual com poucos equivalentes no mundo.” (Jorge Capelo, Público, 20 Ago)
“O principal pecado original da Protecção Civil, particularmente, na Madeira, é um excesso de intromissão do decisor politico e dos seus interesses em decisões que têm a ver com a vida das pessoas, com a economia, com o ambiente .” (Duarte Caldeira, Presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, Sic Noticias, 21Ago)
Jorge Capelo, ecólogo e botânico, na conclusão da sua reflexão, lemos: “A nota pessoal é que já vai em quase 30 anos que estudo a Laurissilva da Madeira e quando lá estou relembro sempre a primeira vez que a vi, atónito e sem fala, de bela que era.
E por isso, o pior de tudo é o que dói, por dentro, ver a antiga, maravilhosa e única Laurissilva desaparecer assim em fumo.”
Se queres prever o futuro, estuda o passado. (Confúcio)
João Freitas