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Maduro diz que 83% das atas divulgadas pela oposição são falsas

FOTO DR
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O Presidente venezuelano disse ontemque são falsas 83% das atas das presidenciais divulgadas pela oposição venezuelana nas quais foi reeleito para um terceiro mandato de seis anos, mas cujos resultados são contestados pelos opositores.

"Segundo a peritagem tecnológica que foi feita na página Web que publicaram, 83% dos documentos são falsos. (...) A Venezuela deve saber, essa página foi verificada ao mais alto nível tecnológico e 83% dos documentos são falsos", disse.

Nicolás Maduro falava aos jornalistas à saída do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), onde foi ouvido no âmbito do pedido que fez pedindo àquele organismo que verifique e valide os resultados das eleições presidenciais.

"Tiveram a oportunidade (...) e se apresentaram com as mãos vazias e consta na gravação do tribunal (...), é escandalosa a ausência do senhor Edmundo González Urrita [principal candidato opositor] e as declarações de três partidos que o representam [apoiam], de não reconhecer tudo o que tem a ver com as atas e materiais eleitorais", disse.

Nicolás Maduro acusou a CNN, a AP, a AFP e a EFE de manterem o silêncio e não dizer que "esse candidato deixou os eleitores sozinhos e não cumpre a lei, que não atendeu a um chamado judicial obrigatório" e que "é escandaloso que gritem fraude e não tragam um papel escrito assinado por eles, assumindo a sua responsabilidade".

O Presidente da Venezuela iniciou as suas declarações à imprensa explicando que se deslocou ao STH "despojado das suas imunidades como chefe de Estado e de Governo", pela paz, a estabilidade e o direito à tranquilidade dos venezuelanos e pelo exercício soberano dos poderes públicos e da democracia.

"Aqui estou eu, sou apenas Nicolás Maduro Moros, um simples cidadão. Respondi ao interrogatório que me foi feito de forma legal. Não esquivei nenhuma pergunta dos juízes, magistrados e magistradas, (...) apenas um candidato se recursou a dar a cara e a cumprir a justiça", disse.

Nicolás Maduro que acusou Edmundo González Urrutia de estar por detrás da violência no país e de um golpe de Estado, mas que não dá a cara ao país.

"Que vergonha devem sentir os que um dia votam por um covarde que se esconde na escuridão, que sabe em que buraco ou esconderijo, para tratar de destruir a paz da República. Eu dei a cara, darei sempre a cara ao povo, às instituições, à justiça e a quem quer que tenha mostrado a cara. É escandalosa a ausência de um candidato que já renegou o CNE", frisou.

Maduro disse ainda que desde nos últimos 25 anos foram realizadas 31 eleições no país das quais o chavismo perdeu duas, e que não saíram a gritar, nem incendiar o país, nem a queimar opositores.

"Temos a experiência, a maquinaria, a organização, a capacidade profissional e a perícia para saber como realizar os processos eleitorais e para ter recolhido todos os documentos que, com pormenores e sinais, foram entregues hoje à Sala Eleitoral", disse.

Ao ser questionado sobre o chamado ao diálogo que anunciou iria fazer após as eleições presidenciais, rejeitou fazer quaisquer "negociações" com a líder opositora Maria Corina Machado, que foi substituída por Edmundo González Urrutia

O Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, cuja reeleição está a ser contestada, rejeitou na sexta-feira quaisquer "negociações" com a líder da oposição Maria Corina Machado, afirmando que esta deve ser responsabilizada "pelos crimes que cometeu".

"No que diz respeito a negociações, penso que a única pessoa que deve negociar com Machado neste país é o Procurador-Geral, para que ela se entregue à justiça e responda pelos crimes que cometeu", disse Nicolás Maduro.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.