ONU condena ataque russo contra supermercado e lamenta morte de civis
A ONU condenou hoje o ataque mortal das forças russas contra um mercado na cidade ucraniana de Kostiantinivka, perto da frente de Donetsk (leste), alertando que "os civis pagam o preço mais alto nesta guerra".
"Não devemos permitir que isto seja normalizado. O direito internacional humanitário deve ser respeitado e os civis e as infraestruturas civis devem ser protegidos em todos os momentos", frisou a coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown.
Numa nota divulgada pelo Gabinete das Nações Unidas de Coordenação para Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), Denise Brown condenou o ataque contra "uma zona povoada na cidade de Kostiantynivka".
"Um mercado e uma estação de correios -- frequentados diariamente por pessoas -- ficaram gravemente danificados", explicou.
"Isto acontece em plena escalada das hostilidades na região de Donetsk. Selydove, Myrnohrad, Pokrovsk e Toretsk são apenas algumas das muitas comunidades devastadas por anos de guerra que sofreram repetidos ataques desde o início de agosto. Casas, escolas e instalações de saúde foram danificadas", destacou ainda.
Pelo menos dez pessoas morreram neste ataque russo, segundo o mais recente balanço divulgado pelo Ministério do Interior ucraniano.
Segundo aquele departamento governamental, que divulgou a informação através da plataforma Telegram, o número de vítimas mortais poderá aumentar, uma vez que prosseguem as operações de busca e salvamento. Pelo menos 35 pessoas sofreram ferimentos, de acordo com a mesma fonte.
O ataque provocou um incêndio no estabelecimento comercial, entretanto extinto, tendo edifícios residenciais e outras lojas localizados nas imediações também sofrido danos, de acordo com o ministério ucraniano, que relatou igualmente mais de uma dezena de veículos atingidos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também relatou o ataque nas suas redes sociais, onde publicou imagens dos edifícios destruídos.
Zelensky garantiu também que a Rússia deve ser "responsabilizada" pelo "terror" que causa e que o Governo ucraniano fará todo o possível para garantir que a comunidade internacional continue a apoiar a Ucrânia.
Kostiantynivka, uma cidade industrial com cerca de 67 mil habitantes antes da invasão russa, está localizada a cerca de 13 quilómetros da frente de combate.
O ataque russo surge pouco depois de, hoje de madrugada, uma ofensiva com 'drones' (aparelhos não tripulados) ucranianos, já assumida por Kiev, ter provocado um incêndio numa base militar na região russa de Lipetsk, a 300 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.
A informação sobre a incursão ucraniana foi avançada pelo governador regional, Igor Artamonov.
Horas antes, o Ministério da Gestão de Emergências regional tinha indicado estar em curso "um incêndio num aeródromo militar na região de Lipetsk".
Outro ataque de 'drones' ucranianos foi relatado na região de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia.
Também na cidade de Sebastopol, na península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, o governador Mikhail Razvojaïev anunciou ataques de 'drones' aéreos e marítimos.
A região de Kursk, vizinha do município de Lipetsk e que faz fronteira com a Ucrânia, enfrenta desde terça-feira uma incursão ucraniana.
Mais de mil soldados ucranianos e dezenas de veículos blindados estão envolvidos no ataque, lançado de surpresa, avançou o Estado-Maior russo, que disse estar a fazer tudo para os repelir.
Moscovo reivindicou, entretanto, ter abatido 945 militares ucranianos desde o início da incursão, número não confirmado por fontes independentes e ainda por comentar pelas autoridades de Kiev.