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Venezuela: Comunismo onde o Povo é quem menos ordena!

A Venezuela, para a esmagadora maioria dos Madeirenses, não é apenas mais um País do Globo.

A Venezuela foi, e é para muitos de Nós, a Terra onde os avós e pais trabalharam, mas de onde, nos últimos anos, tendo em conta a instabilidade política, muitos já regressaram. Um país que acolheu nas décadas de 50, 60 e 70 muitos madeirenses que, nas terras de Simon Bolívar, construíram a sua vida, mas que atualmente vivem momentos difíceis. Não só os nossos compatriotas, mas também milhões de Venezuelanos irmãos.

O que está a acontecer na Venezuela, com mais de 2200 pessoas detidas e cerca de 3 dezenas de mortos, apelidadas de terroristas pelo regime, é demasiado grave para ficarmos a assistir calados.

As primeiras memórias que tenho sobre a Venezuela, são do tempo em que os meus tios e primos vinham de férias à Madeira. Presenteavam-nos com brinquedos que nessa altura não havia cá e traziam os deliciosos bombons “Toronto” e chocolates “Pirulin” que eram “devorados” com alguma parcimónia, para render durante mais algum tempo. O regresso dos nossos familiares à Ilha era sempre uma festa onde o bolívar, na década de 80, valia muito mais que o nosso velhinho escudo.

Nos anos 80, das conversas com familiares, principalmente com o meu tio Gabriel, fiquei a saber que a Venezuela tinha grandes reservas de petróleo e das menores taxas de desemprego. O elevado poder de compra era uma realidade, e os nossos Emigrantes aproveitavam para fazer compras na Madeira, onde não faltava as compras de bordado Madeira para levar para a Venezuela. Lembro-me que o Pico dos Barcelos era não só um ponto de miragem, mas sobretudo um ponto comercial onde o Nosso Bordado estava sempre presente.

Na sua última visita à Madeira, no início da década de 2000, o meu tio, infelizmente já falecido, referia-me que a Venezuela era um País com muitos pobres, que a inflação atingia por vezes os 2.000% e que nas grandes superfícies, outrora repletas de produtos nacionais e estrangeiros, já estavam “despidas”, nas suas prateleiras, de alguns bens e produtos. Escusado será dizer que, nessas férias, os chocolates ainda vieram, mas as idas às compras eram memórias do passado tendo em conta a situação socioeconómica que já se vivia na Venezuela.

Nos finais de 2022 tive oportunidade de visitar a Venezuela, pela primeira vez, para um contacto com as comunidades, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, onde fui muito bem recebido pela acolhedora Comunidade de Madeirenses. Mostraram-me o que de melhor fizeram por aquele país, fruto do trabalho árduo de várias gerações de Madeirenses. Mas já encontrei um País com um deficit muito grande de infraestruturas, fruto de um grande desinvestimento. Um País com uma taxa de pobreza enorme, que pagava, e ainda paga, baixos salários, o que fez com que mais de 8 milhões de Venezuelanos tenham saído das suas fronteiras à procura de um futuro melhor.

Isto porque, durante anos, tiveram um governo que prometeu mais justiça social, mas trouxe mais desigualdade social. Uma “democracia”, onde o populismo inicial deu lugar a um totalitarismo que prende opositores e não respeita a vontade popular. Um país onde o poder económico é de poucos e onde o Povo é quem menos ordena.

Um País com riquezas naturais únicas, mas que insiste na indústria petrolífera que, ao longo da história, tem tido menos expressão na riqueza nacional (PIB).

Portugal, pela voz do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, tem reiterado a necessidade da verificação imparcial dos resultados e mantém, e bem, o não reconhecimento da vitória de Maduro, seguindo a posição da União Europeia e de outros países, como por exemplo, os EUA, a Argentina, o Peru e o Uruguai. É necessário que todos estes países mantenham a sua posição, que outros se juntem a este coro de indignação, porque não podemos abandonar aquele Povo, que também é, em parte, Nosso, à sua sorte, às mãos de um regime déspota e antidemocrático.

Continuemos a lutar pela democracia e pela liberdade!