Puigdemont regressou hoje a Espanha e arrisca detenção
O independentista da Catalunha e antigo presidente do governo regional Carles Puigdemont regressou hoje a Espanha, após quase sete anos a viver no estrangeiro para fugir à justiça do país.
Puigdemont surgiu hoje publicamente nas ruas de Barcelona, poucos minutos antes das 09:00 locais (08:00 em Lisboa), numa concentração em que estão centenas de pessoas e que foi convocada pelo partido a que pertence, o Juntos pela Catalunha (JxCat).
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont anunciou na quarta-feira que pretendia estar hoje na sessão parlamentar convocada para votar a investidura do socialista Salvador Illa como presidente do governo autonómico catalão (conhecido como Generalitat).
Puigdemont, que protagonizou a declaração unilateral de independência da Catalunha de outubro de 2017, continua a ser alvo de um mandado de detenção em território espanhol e admitiu, num vídeo que divulgou nas redes sociais, que arrisca ser detido hoje, com este regresso a Espanha.
A polícia montou um perímetro de segurança em redor do edifício do parlamento autonómico da Catalunha, localizado num parque que está a poucos metros da praça onde está Puigdemont, que subiu a um palco e está a falar aos apoiantes.
O parlamento tem todos os acessos bloqueados, menos um, controlado pelas forças de segurança.
O dirigente separatista poderá ser detido neste acesso ao parlamento, quando se identificar à polícia para tentar entrar no perímetro do edifício, para participar na sessão parlamentar, convocada para as 10:00 locais (09:00 em Lisboa).
Puigdemont defendeu na quarta-feira que a sua detenção seria "arbitrária e ilegal", por estar já em vigor a lei de amnistia para separatistas da região, aprovada pelo parlamento de Espanha.
O Tribunal Supremo espanhol recusou, num primeiro parecer, aplicar a amnistia a Puigdemont, que apresentou recurso desta decisão e aguarda uma resposta.
O "desafio" do Tribunal Supremo "tem de ter uma resposta e de ser confrontado" em nome da democracia, disse Puigedemont, para justificar o regresso hoje a Espanha.
A detenção de Puigdemont, se se confirmar, deverá levar à suspensão ou adiamento da sessão parlamentar para investir o novo líder da Generalitat, segundo declarações do presidente da assembleia regional catalã, Josep Rull, e de vários partidos.
Se não houver um presidente da Generalitat investido pelo parlamento até 26 de agosto, as eleições catalãs terão de ser repetidas.
O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Operário Espanhol, PSOE) foi o mais votado nas últimas eleições catalãs, em que as forças independentistas perderam a maioria absoluta que nos últimos 14 anos garantiu sempre executivos separatistas na região.
Salvador Illa negociou o apoio da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que foi o terceiro partido mais votado, para ser investido presidente da Generalitat.
O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), de Carles Puigdemont, foi o segundo mais votado e apostava pela repetição das eleições.
O JxCat condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo "espanholista" para a região.
A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo nacional do socialista Pedro Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat.