Decretado estado de emergência na região russa de Kursk invadida pela Ucrânia
A região russa de Kursk entrou hoje em estado de emergência, depois da incursão das forças ucranianas na terça-feira, adiantou o governador interino deste território, que faz fronteira com a Ucrânia.
"A situação operacional continua a ser difícil nas zonas fronteiriças. Para eliminar as consequências da entrada de forças inimigas, decidi estabelecer um estado de emergência", destacou o governador Alexei Smirnov, numa mensagem na rede social Telegram.
Ao longo do dia, o alerta antiaéreo nesta região foi ativado repetidamente e permaneceu ativo durante mais de 12 horas. O último alerta foi emitido às 20:16 (18:16 em Lisboa), e ainda não foi levantado.
O governo local informou que desde o início da incursão milhares de pessoas abandonaram a região e mais de 600 foram colocadas em abrigos.
O chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, detalhou anteriormente que cerca de 1.000 soldados ucranianos participaram na incursão armada lançada na véspera na região de Kursk.
Como resultado dos ataques, cinco civis morreram até ao momento e outros 31 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde russo.
O ataque ucraniano foi descrito pelo Presidente russo Vladimir Putin como uma "provocação em grande escala" por parte de Kiev, que acusou de realizar "bombardeamentos indiscriminados com diferentes tipos de armas, incluindo mísseis, contra edifícios civis, edifícios de habitação e ambulâncias.
Influentes analistas militares russos criticaram hoje o comando militar do país por não ter conseguido conter a incursão ucraniana lançada na região de Kursk.
"Há dois meses que o inimigo acumula forças" para este ataque, estimou o canal de Telegram Rybar, seguido por mais de um milhão de utilizadores e com fama de estar próximo das forças russas.
"Durante dois meses, todas as informações completas foram enviadas para equipas inúteis. Houve tempo suficiente para tomar uma decisão apropriada", acrescentou Rybar, apontando que o comando militar não aprendeu as lições das tentativas de incursão em março na região de Belgorod, vizinha de Kursk.
Este é um primeiro grande teste para Andreï Beloussov, nomeado ministro da Defesa em maio para substituir Sergei Shoigu, criticado pelos graves fracassos sofridos pelo Exército russo em 2022, no início da sua ofensiva em grande escala.
Desde a sua substituição, pelo menos oito oficiais do Exército foram detidos em casos de corrupção. Mas o chefe do Estado-Maior, Valéri Guerassimov, criticado por muitos correspondentes de guerra russos, manteve-se em funções.
"A liderança do Ministério da Defesa mudou. Mas deliberadamente (...) ninguém quebrou o sistema de gestão de combate", lamentou ainda o canal Rybar, que ataca também aqueles que subestimaram o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, referindo que estava a "preparar-se para se render".
Para a blogger militar Anastassia Kachevarov, o comando militar russo "continua a cometer erros e a mentir", erros que "custam a vida dos soldados", de acordo com uma análise no seu canal Telegram.
Os bloggers militares russos que apoiam o ataque à Ucrânia denunciaram veementemente no passado o comando do Exército, embora o fenómeno tenha diminuído desde a intensificação da repressão às críticas na Rússia.