Conselho Eleitoral da Venezuela diz que entregou actas das presidenciais ao Supremo
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou ter entregado ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) todas as atas das últimas eleições presidenciais, nas quais Nicolás Maduro reivindicou vitória, algo contestado pela oposição.
"Tudo o que foi solicitado pelo mais alto tribunal da República foi entregue", declarou na segunda-feira à noite Elvis Amoroso, numa audiência pública.
Desde as eleições de 28 de julho que a oposição tem vindo a solicitar a divulgação pública das atas, algo negado pelo CNE, que disse ter sido vítima de ataques de pirataria informática.
Em resposta, a oposição acusou tanto o CNE como o STJ de serem subservientes ao Governo do Presidente Nicolás Maduro.
A mais alta instância da justiça da Venezuela instou no domingo o CNE a publicar as atas das presidenciais no espaço de três dias úteis.
Na quinta-feira, o STJ aceitou um pedido de Maduro para certificar os resultados das últimas eleições presidenciais nas quais foi reeleito para um novo mandato de seis anos (2025-2031).
Na sexta-feira, nove dos dez candidatos eleitorais convocados pelo STJ - Nicolás Maduro, Luis Martínez, Daniel Ceballos, Antonio Ecarry, Benjamín Raússeo, Enrique Marques, José Brito, Javier Bertucci e Claudio Fermín - compareceram perante aquele órgão, tendo alguns deles dito aos jornalistas que desconheciam o conteúdo do recurso apresentado por Maduro.
Um dos convocados, o principal candidato opositor, Edmundo González Urrutia, não compareceu perante o STJ, o que levou o Presidente da Venezuela a advertir que isso traria "consequências ineludíveis".
Sem divulgar o conteúdo do recurso, Maduro afirmou que o Governo e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para divulgar todas as atas eleitorais e acusou a oposição interna de, com a ajuda de opositores no estrangeiro, tentar "um golpe de Estado utilizando o processo eleitoral".
Maduro pediu ainda que os resultados eleitorais sejam certificados "com um parecer de peritos do mais alto nível técnico" e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça.
Segundo o CNE, Maduro foi reeleito com 6.408.844 votos, 51,95% do total, ficando em segundo lugar o principal candidato opositor, González Urrutia, com 5.326.104 votos, 43,18%.
No segundo boletim informativo sobre o processo eleitoral, o CNE afirma que nas presidenciais de 28 de julho houve 12.335.884 votos válidos.
Segundo o CNE, o candidato Luís Martínez obteve 152.360 votos (1,24%) e os restantes ficaram todos abaixo de 1%.
A oposição venezuelana reivindicou a vitória nas presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, com a líder opositora María Corina Machado a recusar reconhecer os resultados oficiais, com base em atas na posse da coligação da oposição.