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O cavalinho de pau e o sexo vegan

O frio evita que as pessoas tomem decisões de cabeça quente. É a conclusão a que chego quando leio a mais recente reportagem sobre o hobby-horsing, a modalidade desportiva da Finlândia que não é mais do que fazer hipismo… sem cavalo. Há dias tropecei nessa pequena maravilha quando estava na praia e pensei que era o meu cérebro a aquecer demais, mas procurei dados e até fui ao insuspeito Polígrafo. A coisa adoptou o nome de hipismo vegan, as provas são em tudo semelhantes às da equitação normal, mas ninguém vê o cavalo.

Há miúdas a montar cavalinhos de pau, a saltar barreiras o mais depressa possível, mostram as suas capacidades de controle do cabo de vassoura onde encaixam a cabeça de um cavalo de brincar e imitam os movimentos dos equídeos do desporto convencional.

A minha imaginação fértil levou-me a procurar soluções para tantos males do mundo. Uma tourada com touros mecânicos a sangrar molho de tomate em Espanha e Portugal, entre outros países, evitava que tantos toureiros andassem a levar pontos quando o bicho se chateia. E depois as atrizes e apresentadoras que andam com eles não tinham de ficar de “molho” por questões (in)operacionais. Dei por mim a imaginar o encantador de serpentes a fazer bocados de mangueira saírem dos cestos, o Simba a fazer o número dos leões no circo, o filme “O Tubarão” com um golfinho de peluche…

Claro que como há uma explicação exagerada para tudo, a modalidade que é uma tradição na Finlândia é conhecida como hipismo vegan. Dizem algumas más-línguas que é para não fazer mal aos animais e às plantas. E aí tive de me levantar da espreguiçadeira e refrescar-me no mar. Precisava de ter o corpo mais fresco para as ideias fluírem, porque nunca pensei que andar a montar um cabo de vassoura pudesse ser comparado a hipismo vegan. Caramba, será que se preparam para fazer lutas de galos com o boneco do Calimero? (Não concordo com lutas de galos, mas chamar vegan a uma corrida com um pau de vassoura e uma cabeça de plástico é de um fundamentalismo que até dói).

Então quer dizer que se uma pessoa estiver a praticar sexo com um objecto daqueles que se vendem nas casas da especialidade, como sugerem nos artigos que li depois, está a praticar sexo vegan?

Como dizia uma amiga presente no dia, depois extinguem-se os tipos que inventaram estas coisas e o mundo volta ao normal. Não concordo. Porque o mundo não vai voltar a ser normal enquanto não voltarmos a ver as corridas de carrinhos de cana vieira pelas estradas da ilha. Quando capotarem, não magoam ninguém, nem nenhum vegetal, a não ser que caiam num poio de couves, se forem desclassificados, os concorrentes podem sempre dar com o “guiador” pela cabeça dos comissários abaixo e se mesmo assim não se resolver, desclassificam-se os comissários. Nada de novo. O primeiro-ministro islandês (lá está, mais um povo de cabeça fria), foi a julgamento por negligência na gestão do país. Nós é que somos de brandos costumes.