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Estará a Europa a ser eclipsada?

“A instabilidade dos anos 20 está associada à pandemia, à guerra e/ou à demografia” não é uma visão abrangente do assunto.

É fundamental entender que não há recursos suficientes no planeta para satisfazer as necessidades ilimitadas do ser humano, daí a constante alteração de dinâmicas. A U.E. não vive tempos fáceis desde 2008, início da última crise financeira a nível global. Contudo, não é a crise em si que explica o declínio europeu, mas sim, a reação à mesma, visto que outros blocos desenvencilharam-se melhores que nós desde então. Para tal, comparemos a evolução de dois índices que englobam as maiores empresas presentes na comunidade: o 1.º representa os E.U.A e o 2.º representa a Europa. Desde 2008, o S&P500 subiu 29.4%, enquanto o Euro Stoxx600 cresceu 13%, quando até equiparavam-se. Torna-se mais relevante quando falamos do diferencial de dezenas de biliões (triliões). Isso mesmo notar-se-á no dia-a-dia de um europeu quando parte do valor acrescentado vai para as mãos de inovadores tecnológicos como a Amazon, do Airbnb, da Uber, entre outros! Os Europeus foram invadidos por um ‘boom’ causado pela I.A. que tem vindo a ser desenvolvida há muito; ficando para trás por demagogia quanto a promover a inovação do tecido empresarial. Falta de consciência não tiveram os chineses, que logo arranjaram competidores para enfrentar o bloco americano: AliExpress, TikTok, BYD, Shein, etc. A mentalidade de carpe diem em que se preza o presente, terá levado os governantes europeus a adotar políticas marxistas de agrado público a curto prazo, mas que prejudicam as gerações futuras, já que essa manutenção de qualidade de vida só é minimamente garantida quando se compete por uma vida melhor; isto é, quando se compete produtivamente, já que este fenómeno mundial penaliza o relaxamento dos envolvidos. Sim, porque não basta dizer “porque é que não travamos estas empresas estrangeiras?” com um Samsung no bolso.

Torna-se então, espalhafatoso, alocar tanto capital humano a administrações públicas quando estas são ineficientes a criar os incentivos necessários que formam uma economia sustentável, pelo menos enquanto se insistir no autoritarismo, que já é um clássico europeu; indo desde a carga fiscal, até à burocracia ‘sem fim’ que também funciona como imposto, e que vai para além da questão ambiental. Este fascínio pela burocracia só alimenta monopólios e está associada a menores necessidades de investimento, menor inovação e falta de competitividade.

Para darmos a volta, teremos de abdicar de parte do presente para construir o futuro, ainda que o processo será complicado já que é preciso manter a estabilidade social para que isso aconteça. Ter as empresas cá não bastará enquanto favorecermos as elites estrangeiras ao invés das elites que partilham a mesma comunidade. Entretanto, recorre-se à narrativa da imigração visto não darmos condições aos nossos para se reproduzirem e é natural que todo o resto acelere o ‘eclipse’ em que a Europa se assumiu desde 2008.