Aumento do número de empresas 'bate certo' com diminuição da taxa de desemprego
Nos últimos anos, a Madeira tem registado um ciclo económico bastante acentuado, com vários indicadores positivos. Um desses é o número de iniciativas empresariais e, cumulativamente, o desempenho financeiro das mesmas. A acrescentar, há uma forte ligação entre a diminuição da taxa de desemprego com o crescimento de empresas a operar na Região, apesar da esmagadora maioria destas ser de micro e pequena dimensão (menos de 10 pessoas ao serviço).
Os dados divulgados recentemente pelo INE no Anuário Estatístico de Portugal, que é disponibilizado desde o ano 1875 (embora antes não anualmente, o que só passou a ser feito desde 1924 referente, então, a 1919), sobre o último ano completo, 2023, revelam precisamente essa evolução mais recente. A economia nacional melhorou, mas a da Madeira melhorou significativamente no pós-pandemia e os números são a maior evidência para essa constatação.
Vamos ver o caso das empresas. No mais recente Anuário, a Madeira terminara 2023 com uma percentagem de 39,9 empresas por quilómetro quadrado (Km2). Se é certo que parece pouco, sobretudo se compararmos com a Área Metropolitana de Lisboa (141,6/Km2), se comparado com as outras regiões, a Madeira fica muito bem situada, sobretudo quanto à média nacional (15,6/Km2). Açores com 13,1 empresas por Km/2, Centro com 10,2 e, sobretudo, o Alentejo com 2,9 empresas por Km/2 estão bem longe da média nacional, que é influenciada precisamente por estes baixos registos, uma vez que o Norte (22,7) e o Algarve (17,4) estão acima.
Um ano antes, a situação era muito similar, destacando-se um aumento do número de empresas por Km/2 em todo o país. Em 2022, na Madeira, estava nos 37,1, sendo que o maior peso tem sido sempre Lisboa (129,6), denotando-se um crescimento significativo em 2023, o que também não abona no que ao centralismo da actividade económica diz respeito. Seguia-se o Norte (21,4), Algarve (15,3), Açores (12,5), Centro (9,7) e Alentejo (2,7), com a média nacional nas 14,6 empresas por Km/2.
Recuando a 2021, a Madeira tinha 35,8 empresas por Km/2, atrás da líder Lisboa (124,1), mas muito à frente do Norte (21), Algarve (14,5), Açores (12,1), Centro (9,4) e Alentejo (2,7), região que é marca por uma significativa e evidente desertificação também nas empresas que leva também a efeitos no emprego e na população residente, apesar de também não ser de descurar o território que é, em área, o maior de Portugal (média de 14,1 empresas por Km/2).
Nos dois anos anteriores, incluindo o primeiro da pandemia (2020) e o da pré-pandemia (2019), o cenário era muito similar ao que é hoje, mas com menos empresas por Km/2. Na Madeira, era de 35,8 e 34,8, respectivamente, sendo de destacar o facto de 2020 e 2021 ter-se mantido o mesmo número devido à paralisação disruptiva da economia. Lisboa, com 126,9 e 121,6 tem estado sempre por cima, Norte (21 e 20,3) e Algarve (15,4 e 14,7) vêm logo a seguir, Açores (12,4 e 12,2), Centro (9,5 e 9,4) e Alentejo (2,7 em ambos os anos), confirmam a pouca dinâmica de criação de novas empresas, pelo menos antes da pandemia e no ano deste evento.
Já no que toca ao desemprego, tem em 2023 uma taxa (5,9%) abaixo da média nacional (6,5%), melhor do que os Açores (6,4%), a Grande Lisboa (6,8%), o Norte (7%) e a Península de Setúbal (8,3% e líder nacional), mas ainda abaixo do Algarve (5,7%), Oeste e Vale do Tejo (5,4%) e Centro (5,3%, a mais baixa do país), igualando o Alentejo (5,9%).
Um ano antes a Madeira estava com 7% de taxa de desemprego, apenas melhor do que a Área Metropolitana da Lisboa, 7,2%, que na altura incluía as duas novas regiões NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos), separadas recentemente pelo INE. O Alentejo tinha a mais baixa taxa de desemprego (4,8%), seguida do Centro (5,1%), Algarve (5,7%), Norte (5,9%) e Açores (6,0%).
Em 2021, com 7,9% de taxa de desemprego a Madeira estava ainda quase no topo, somente com o Algarve (8,2%) a superiorizar-se neste ranking indesejado, seguida de perto pelos Açores (7,2%), AM Lisboa (6,8%), Alentejo e Norte (6,6%) e Centro (5,8%). Esta é uma posição similar que ocorrera em 2020, com a Madeira no mesmo patamar (7,9%), só com o Algarve acima (8,3%) e Lisboa (7,7%), Norte (6,8%), Açores (6,1%), Alentejo (5,9%) e Centro (5,6%) com melhores indicadores.
Por fim, antes da pandemia, os Açores tinha a taxa de desemprego mais alta (7,9%), Lisboa e Algarve vinham a seguir (7,1%), com a Madeira nos 7%, Alentejo nos 6,9%, Norte nos 6,7% e, por fim, o Centro nos 4,9%.
Ora, se as duas coisas - número de empresas e números do emprego - estão a melhorar, como se pode comprovar pelo exposto acima, significa que o consumo e o bem-estar das famílias também melhoraram? Sim, mas só em teoria. Estes dados têm enfrentado um problema que dificilmente será esbatido, a inflação. É que apesar da diminuição da taxa de inflação, são poucos os que podem afirmar que os preços estão efectivamente a baixar depois do forte impacto a partir de 2022. Qualquer consumidor fica na certeza que está a pagar mais agora do que pagava há 3 ou 4 anos e que apesar da melhoria salarial global, tem sido insuficiente para compensar essa diferença.