Kamala Harris acusa Trump de "desrespeito" em cemitério militar
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, acusou este sábado Donald Trump, o seu rival republicano nas eleições presidenciais de novembro, de "desrespeitar o solo sagrado" do Cemitério Militar Nacional de Arlington numa visita ao local.
"Donald Trump escolheu filmar um vídeo no local, o que levou a uma altercação com os funcionários do cemitério. Deixem-me ser clara: o antigo Presidente desrespeitou o solo sagrado, tudo por causa de uma manobra política", afirmou Kamala Harris, agora candidata democrata, no X.
Para Kamala Harris, o cemitério "não é um lugar para fazer política".
"Se há uma coisa em que nós, como americanos, podemos concordar, é que os nossos veteranos, famílias militares e soldados devem ser honrados, nunca denegridos e tratados com nada menos do que o nosso maior respeito e gratidão", escreveu.
"É minha convicção que uma pessoa incapaz de cumprir este dever simples e sagrado nunca mais" deve ser Presidente dos Estados Unidos, acrescentou a democrata.
O Exército norte-americano já tinha repreendido na quinta-feira a campanha de Donald Trump pela altercação com uma funcionária do Cemitério Nacional de Arlington, após a equipa do ex-Presidente, em campanha para as presidenciais, ter insistido em tirar fotografias junto a campas.
Em comunicado, o Exército sublinhou que os visitantes "foram informados sobre as leis federais" que "proíbem claramente atividades políticas no cemitério", lamentando que uma funcionária que "tentou garantir a adesão a essas regras tenha sido abruptamente empurrada".
O ex-Presidente e candidato republicano visitou na segunda-feira este cemitério, localizado na Virgínia e vizinho da capital norte-americana, para participar, em plena campanha eleitoral para as presidenciais de novembro, numa cerimónia em homenagem aos 13 soldados mortos na retirada das forças norte-americanas do Afeganistão em 2021, pela qual fez críticas à administração de Joe Biden e Kamala Harris, a candidata eleitoral do Partido Democrata.
De acordo com a imprensa norte-americana, durante a visita ocorreu uma altercação física e verbal entre a equipa de Donald Trump e funcionários do cemitério, que se opuseram ao uso do espaço para fotos ou vídeos.
"Este incidente foi lamentável, e também é lamentável que a funcionária do cemitério e o seu profissionalismo tenham sido atacados injustamente. O Cemitério Nacional de Arlington é um santuário nacional para os honrados mortos das Forças Armadas, e a sua equipa dedicada continuará a garantir que as cerimónias públicas sejam conduzidas com a dignidade e o respeito que os mortos da nação merecem", acrescentava a nota do Exército, que raramente comenta questões relacionadas com campanhas eleitorais.
O cemitério divulgou uma declaração frisando que a lei federal proíbe campanhas políticas ou atividades "relacionadas com a eleição" dentro de espaços fúnebres do Exército, incluindo fotógrafos, e que a equipa do candidato republicano tinha sido informada sobre essa proibição.
"Podemos confirmar que houve um incidente e que foi feito um relatório", disse um funcionário do cemitério, onde estão enterrados cerca de 400 mil veteranos e as suas famílias, assim como dois Presidentes norte-americanos, incluindo John Fitzgerald Kennedy.
A comitiva do candidato republicano, que continua a criticar os democratas pela caótica retirada americana do Afeganistão em agosto de 2021, respondeu partilhando um comunicado de imprensa em que as famílias dos soldados mortos na retirada do Afeganistão asseguravam que a presença do fotógrafo tinha sido de facto "validada" aos seus cuidados.
Contudo, não foram apenas os túmulos desses soldados mortos em 2021 que foram apresentados em fotografias e vídeos partilhados 'online' pela campanha de Trump após a visita.
Em pelo menos uma fotografia publicada, também está contemplado o túmulo de um soldado das Forças Especiais do Exército que se suicidou. A família desse militar garantiu ao jornal New York Times que não deu permissão à campanha republicana para fazê-lo.