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ONG venezuelana denuncia irregularidades na transferência de presos

Foto DR/Observatório Venezuelano de Prisões
Foto DR/Observatório Venezuelano de Prisões

O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) denunciou hoje irregularidades na transferência de presos das celas da polícia para prisões no centro do país, após os protestos contra o resultado das eleições presidenciais de 28 de julho.

"Constatamos com grande preocupação que as transferências destes detidos foram efetuadas com muitas irregularidades, incluindo algumas sob engano, uma vez que as suas famílias não foram notificadas e muitas delas o descobriram quando foram levar a comida às esquadras de polícia", afirmou o OVP num comunicado de imprensa.

A ONG adiantou que "muitos familiares" percorreram quilómetros e "nenhuma das prisões tem uma lista dos transferidos".

"Não há ninguém que lhes dê informações sobre o paradeiro dos seus familiares, nem quando serão os dias de visita e em que condições", realçou.

A 01 de agosto, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou que fossem colocadas em duas prisões de segurança máxima as pessoas detidas em protestos contra o resultado oficial das eleições presidenciais, em que foi declarado vencedor pelas autoridades, num processo rejeitado pela oposição maioritária e por grande parte da comunidade internacional.

Segundo dados oficiais, mais de 2.400 pessoas foram presas desde 29 de julho - algumas em manifestações e outras em operações policiais - e 25 foram mortas em atos de violência que o governo atribui à oposição, enquanto a oposição culpa as forças de segurança do Estado, sob ordens de superiores.

O OVP disse que mais de 700 prisioneiros foram transferidos para duas prisões de segurança máxima, conhecidas como Tocuyito e Tocorón, localizadas nos estados de Carabobo e Aragua, respetivamente, no centro do país.

"Até à data, nenhuma das pessoas transferidas (...) foi autorizada a contactar com a família ou a nomear os seus advogados", afirmou.

Além disso, indicou também que os detidos não foram avaliados nem física nem psicologicamente, "para além do facto de nem sequer se terem preocupado com o cuidado (...) das pessoas com doenças e deficiências pré existentes".

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.