ONG venezuelana denuncia transferência de detidos para destino desconhecido
A ONG venezuelana Foro Penal denunciou, na sexta-feira, a transferência de detidos durante os protestos pós-eleitorais, sem que os familiares saibam "para onde estão a ser levados", o que constitui uma violação da Constituição.
"Os familiares não sabem para onde estão a ser levados (os detidos). Indicam que está a ser preparado um avião para os levar para fora da Ilha Margarita. Recordamos que as autoridades, ao não informarem os detidos e as suas famílias para onde estão a ser transferidos, estão a violar (...) a Constituição", alertou o Foro Penal através da rede social X.
A Organização Não Governamental defende ainda que os detidos têm sido impedidos de "nomear advogados da sua confiança para a sua defesa", uma prática que, segundo a mesma, se tem verificado na "maioria dos casos de detenções no contexto pós-eleitoral".
A organização regista 1.780 detidos - dos quais 1.550 são homens e 230 mulheres - durante os protestos contra o resultado oficial das eleições presidenciais de 28 de julho, em que as autoridades eleitorais proclamaram a vitória de Nicolás Maduro, algo que a maior coligação da oposição considera "fraude" e que é questionado por grande parte da comunidade internacional.
Da mesma forma, o bloco anti-Chávez afirma que o seu porta-estandarte, Edmundo González Urrutia, é o presidente eleito de acordo com "83,5 % dos registos eleitorais" que dizem ter recolhido através de testemunhas e membros das mesas de voto na noite das eleições, para apoiar a sua alegação de fraude nas eleições presidenciais, documentos que o governo acusa de serem "falsos".
De acordo com os números oficiais, durante os protestos pós-eleitorais foram detidas mais de 2.400 pessoas e registaram-se 25 mortes, pelas quais o governo culpa a oposição, enquanto organismos internacionais como a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos denunciaram o "uso arbitrário da força" por parte do Estado.