Chega alerta para "desespero" na pesca do atum
O deputado madeirense do Chega, na Assembleia da República, Francisco Gomes, receia que o "desespero" esteja instalado no sector da pesca do atum e alerta para o facto de que muitos pescadores e armadores sentem-se "completamente abandonados, ignorados e com as vidas penhoradas e em risco".
Na sua opinião, o poder político não está a fazer tudo o que poderia e deveria fazer para salvaguardar os interesses dos atuneiros, proteger as famílias que dependem daquela arte de pesca e garantir legislação que não condene o sector ao desaparecimento, mas, pelo contrário, ajude as pescas a recuperar o papel de destaque que já teve e que pode voltar a ter na sociedade e na economia da Região.
Temos armadores com as casas penhoradas, endividados e com as vidas em risco. Temos pescadores que sentem que o sector está condenado a morrer e que não têm escolhas. Se não há peixe, têm um problema. Quando há peixe, não há quota. Sentem que estão num beco sem saída e que ninguém faz nada para resolver isto. Francisco Gomes, deputado do Chega
Para o deputado do Chega, que, nos últimos meses, tem promovido várias reuniões com armadores, pescadores e especialistas do sector, a pesca do atum "enfrenta desafios que são únicos" e, por isso, "carece de soluções específicas". Porém, no seu entender, o poder político, incluindo a nível nacional e europeu, "não parece estar sensibilizado para as especificidades das pescas na Madeira", muito baseadas em técnicas artesanais, e "continua a responder com silêncio às necessidades cada vez mais urgentes e inadiáveis dos homens do mar".
Há quantos anos é que o setor da pesca do atum está a arder? É revoltante. Há quantos anos não têm resposta para as perguntas mais básicas: Quem é que assinou a redução da quota? Quem é que ganhou com a venda da quota? Quem é que lucrou com a desgraça dos atuneiros? Poderiam começar por explicar isso. Francisco Gomes, deputado do Chega
Segundo Francisco Gomes, o poder político tem de ser claro sobre as suas verdadeiras intenções para o sector do atum, pois, a seu ver, não é correcto deixar armadores e pescadores em constante compasso de espera, entregues a si mesmos e às condições precárias que estão a deixar em terra os barcos e a empurrar para a pobreza muitas famílias que dependem da pesca do atum.
Isto bateu no fundo! Só não vê quem não quer. Já no próximo ano, há barcos que, possivelmente, nem vão sair do cais. É isto que querem? Estão à espera de que isto morra? Há interesse em ver isto cair para ficarem com as licenças? Se é, então que digam e que sejam corretos com os pescadores. Francisco Gomes, deputado do Chega
Para ajudar o sector, o parlamentar do Chega aponta para um número de propostas que, a seu ver, merecem ser, no mínimo, consideradas por aqueles que têm poder de decisão, nomeadamente apoios a fundo perdido para pescadores e armadores do sector do atum, negociações com Bruxelas e com o ICCAT com vista o aumento de quotas, quotas específicas para as regiões ultraperiféricas e troca de quotas com outros países da União Europeia. Francisco Gomes explica que essas medidas estão incluídas num projecto de resolução da autoria do Chega que já deu entrada na Assembleia da República.
Temos de garantir o aumento das quotas, pois, se há para estrangeiros, tem de haver para os que cá vivem. Além disso, temos de ter quotas específicas para os Açores e para a Madeira para que não se anulem. Por fim, temos de tentar a troca de quotas com outros países europeus e de criar uma linha de apoio a fundo perdido para os atuneiros para evitar falências e manter o sector Francisco Gomes, deputado do Chega