Jornalista russo condenado a oito anos de prisão por "informações falsas" sobre exército
O tribunal da cidade russa de Gorno-Altaysk, em Altai, condenou hoje um jornalista local a oito anos de prisão por criticar as ações do exército russo na Ucrânia nos seus artigos, anunciou a justiça.
Sergei Mikhailov "publicou artigos na internet em março e abril de 2022 contendo informações falsas" sobre as ações do exército russo na Ucrânia, disse o Ministério Público num comunicado na rede social Telegram.
O jornalista de Gorno-Altaysk, de 48 anos, trabalhava para um jornal 'online' local, o Listok.
Os procuradores acusaram-no de ser "motivado pelo ódio político".
O jornalista terá de cumprir uma pena de oito anos de prisão "em colónia de regime geral", segundo o Ministério Público.
Em tribunal, Mikhailov declarou na terça-feira que escreveu os artigos para que os seus "leitores não sejam vítimas de mentiras, para que não participem nos combates, para que não se tornem assassinos e vítimas, que não prejudiquem o nosso povo irmão ucraniano".
O repórter classificou o conflito na Ucrânia como uma "situação terrível", de acordo com um texto publicado 'online'.
A Rússia suprimiu as vozes críticas durante anos, mas a campanha de repressão assumiu proporções consideráveis após o lançamento do ataque à Ucrânia em fevereiro de 2022.
As autoridades russas expandiram a repressão punindo duramente a divulgação do que considera ser "informação falsa" ou o "descrédito" das forças armadas russas.
De acordo com um levantamento da organização não-governamental (ONG) especializada OVD-Info, mais de mil pessoas foram processadas na Rússia por criticarem o ataque das forças armadas russas à Ucrânia.
Quase todos os opositores de alto nível foram detidos ou saíram para o exílio e milhares de russos comuns foram processados e multados ou presos por expressarem publicamente o seu desacordo com o Kremlin.