O turismo, o alojamento Local, a esquerda e a inveja (I)
Nos últimos tempos muitos textos têm aqui aparecido a denegrir o turismo e particularmente o alojamento local como a besta negra, a mãe de todos os males que se vivem nesta terra. É caso para dizer que se esta mal do ponto de vista social e ambiental, a culpa é sempre do alojamento local. (até rima)
É óbvio que, como qualquer outra atividade económica, há sempre o reverso da medalha, não há absolutamente nenhuma atividade que gere riqueza e que não tenha efeitos adversos, e necessariamente tem que haver regulamentação para evitar que estes efeitos se sobreponham aos benefícios, mas no caso do alojamento local os benefícios atuais são evidentes bem como as potencialidades futuras, sobretudo para uma Região como a nossa que carece de recursos económicos que possa explorar e rentabilizar.
Ou há aqui alguém que acha que podemos todos viver melhor e receber melhores ordenados, cobrar mais impostos, ter mais recursos financeiros para investir e melhorar nossa a qualidade de vida e das gerações futuras sem gerarmos mais riqueza e sem termos mais atividade económica?
O saudosismo da pacatez e da “qualidade” do turismo de antigamente está intimamente ligado à dimensão da nossa economia nesse mesmo antigamente, ou seja, voltar atrás, significa voltar atrás também ao nível do rendimento da Região e das famílias, significa vivermos todos pior, ou achamos que o dinheiro cresce nas árvores?
Por isso vamos lá ter a lucidez e a inteligência de regulamentar sim, mas sem matar a galinha dos ovos de ouro que, quer se queira quer não, nesta terra é o Turismo no qual se incluí como componente cada vez mais importante o Alojamento local.
O Turismo:
Os indicadores internacionais de sobrecarga turística da Madeira estão a cerca de 35% quando comparados com outras regiões internacionalmente conhecidas como turísticas. Em 2023 a RAM teve 10,9 milhões de dormidas, o que reflete um crescimento de 13,6% em relação ao ano anterior, e proveitos totais na ordem dos 652,7 milhões de euros (+ 23,2%). O número de turistas apesar de em crescimento ainda está muito aquém de outras regiões congéneres em termos de dimensão física e populacional.
Além do crescimento de dormidas, na hotelaria o Revpar (receita por quarto disponível) foi de 78,4 euros em 2023, contra menos de 30 euros em 2015, contradizendo a ideia de que os turistas de agora são uns “pelintras” e os dantes eram de “qualidade”.
O turismo representa a parte de leão no nosso PIB (quase 30%), e emprega quase 19% da população ativa, pese embora os discursos políticos e a vontade inteligente de diversificar a economia, a realidade e que a participação do turismo no PIB da Madeira continua a aumentar anualmente e não é preciso ser economista para perceber que qualquer medida impactante no turismo, sendo um sector com peso tão preponderante na nossa economia terá efeitos extremamente negativos, o que naturalmente terá reflexo nas famílias e nas empresas estejam elas diretamente ligadas ou não ao setor. (Continua)
Manuel Ramiro Pereira