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Comunicação de Ciência: só alguns recebem destaque?

Atualmente, a Madeira conta com vários laboratórios de investigação e centenas de investigadores. No entanto, há um problema na falta de divulgação equitativa por parte dos comunicadores de ciência. As entidades responsáveis pela investigação na Madeira deveriam visitar cada laboratório e comunicar ao público o que está a ser feito. Existem trabalhos de doutoramento e pós-doutoramento em várias áreas que merecem divulgação. Não é justo que, devido a desentendimentos entre entidades e laboratórios, certos investigadores sejam discriminados. A ciência é de todos e deve ser comunicada de forma justa. As entidades responsáveis devem dar visibilidade a todos os laboratórios e investigadores para que a imprensa regional possa informar adequadamente. Muitos investigadores com reputação internacional não têm visibilidade local porque os comunicadores de ciência favorecem determinadas áreas, direcionando financiamentos e oportunidades para essas áreas específicas.

Publicar artigos científicos em revistas internacionais é extremamente difícil e um marco na vida de qualquer investigador. Infelizmente, as pessoas que trabalham no meio administrativo muitas vezes não percebem o mérito e empenho que os investigadores têm ao alcançar esse patamar. São necessários meses de estudo, análise de dados e escrita, e esses artigos são sempre revistos por um painel de especialistas internacionais de renome que decidem se o artigo tem mérito para ser publicado e, desta forma, aumentar o conhecimento numa dada área. O tal saber que vai ser aplicado e ensinado!

A investigação científica impulsiona o progresso e a inovação, mas sem uma comunicação eficaz, os avanços podem ser ignorados. Apelo às pessoas de comunicação para investirem na divulgação científica, que atualmente se foca quase exclusivamente na investigação marítima. Por que outras áreas igualmente importantes não recebem a mesma atenção?

Precisamos de comunicadores de ciência curiosos e imparciais, que promovam todas as áreas de investigação, reconhecendo o esforço dos investigadores em conseguir publicações internacionais. O problema pode estar nos administradores que controlam a comunicação de ciência. É essencial que esta comunicação não esteja limitada a interesses específicos. Cada investigador merece reconhecimento pelo seu trabalho, independentemente da área de investigação.

Os comunicadores de ciência desempenham um papel importante na democratização do conhecimento. Com a sua curiosidade e capacidade de simplificar conceitos complexos, podem aproximar a ciência da população. Mas, para isso, precisam de liberdade para explorar e divulgar todas as áreas de investigação. Só assim teremos uma representação justa e abrangente da investigação na Madeira.

A ciência não pode ser refém de agendas específicas. Todos os investigadores, independentemente da sua área, contribuem para o avanço do conhecimento e merecem ter as suas vozes ouvidas. A comunicação de ciência deve refletir esta diversidade. Uma comunicação eficaz pode transformar a perceção pública sobre a importância da investigação e inspirar novas gerações. Investir na comunicação de ciência é investir no futuro da sociedade, promovendo um ambiente onde o conhecimento é valorizado e acessível a todos.