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Análise

Assim não vamos lá

A par dos números estratosféricos dos recordes turísticos subsiste a ilha pobre, com graves carências habitacionais

1. O drama da habitação soma e segue. Números recentes revelam que a venda de casas, em Junho, na Região rondou uma média de 490 mil euros, fazendo da Madeira a ilha mais cara para comprar um imóvel. Ficámos também a saber, pela Direcção de Estatística, que há 772 novos pedidos registados em 2023 na Investimentos Habitacionais da Madeira (IHM). A lista total é de 5 mil pessoas. Outro dado preocupante: arrendatários dos bairros sociais devem 11 milhões de euros ao proprietário, a Região. 11 milhões em rendas que custam em média 77 euros por inquilino. Por aqui dá para ver a gravidade da situação habitacional. O Funchal concentra 43,5% das rendas em dívida o que é demonstrativo da dificuldade sentida numa cidade com mais de 100 mil habitantes. A par dos números estratosféricos dos recordes turísticos subsiste a ilha pobre, com graves carências habitacionais.

Ou o Governo Regional e as câmaras municipais encaram de frente este problema real que afecta milhares de pessoas e adia a vida de outros tantos ou assumimos que comprar e arrendar uma casa é apenas acessível aos ricos e muito ricos, com as consequências que isso vai gerar na sociedade.

2. “O PCP saúda a eleição de Nicolás Maduro como Presidente da República Bolivariana da Venezuela, bem como o conjunto das forças progressistas, democráticas e patriotas venezuelanas que alcançam mais uma importante vitória com esta eleição”. Esta citação é de um comunicado emitido pelo partido que teima em estar do lado errado da história e que apoia tiranos e ditadores da pior espécie. Não aprendeu nada com a democracia trazida pelo 25 de Abril e só sobrevive porque ainda tem – cada vez menos – alguma influência no sindicalismo. Vai morrendo aos poucos porque os verdadeiros amantes da Liberdade jamais se revêm nestas atoardas nem no mirífico paraíso de uma sociedade sem classes. O satélite regional da Soeiro Pereira Gomes nem uma palavra dedicou à escandalosa fraude eleitoral registada no país onde existe uma enorme comunidade com origem na Madeira. Encontrarão, de certeza, motivos de sobra para justificar a defesa feita pelo Comité Central. Vergonhoso e demonstrativo do posicionamento dos comunistas portugueses perante o Mundo.

3. A Assembleia Legislativa da Madeira goza, prazenteiramente, dois meses de férias. Depois da maratona para debater e votar o programa do Governo e o Orçamento da Região, os deputados gozam do merecido descanso, por um período muito generoso. Uma prerrogativa ao alcance de muito poucos trabalhadores que pagam religiosamente os seus impostos. É verdade que o parlamento mantém a comissão permanente em funções, mas a esmagadora maioria está fora. É inconcebível que este quadro altamente favorável se mantenha, mesmo que depois de o DIÁRIO ter noticiado o facto, a ALM tenha-se apressado a afirmar que será marcada uma conferência de representantes dos partidos a 16 de Setembro.

Que imagem passa o mais importante órgão da autonomia regional à sociedade? Que o digam os leitores.

4. Desculpem-me os fãs do rali, mas por que motivo há de ser concedida tolerância de ponto na administração pública nos dias da prova? Quem gosta e quer acompanhar as corridas de automóveis e pilotos que tire férias nesses dias. Esta benesse secular oferecida pelo Governo Regional é ridícula, provinciana e promove a balda exclusiva a um grupo de privilegiados.