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O Governo tirou férias

No mês de agosto, decidiu o Governo tomar uns banhos de sol, compreende-se tal necessidade para uma entidade tão cansada e bafienta. Mas não se compreende, perante uma situação de crise, quando os cidadãos mais precisam de apoio e suporte. Não é aceitável este desleixo e relaxamento perante um historial de calamidades e incêndios vividos na Região, que a todos tem deixado marcas.

Cabe a um governante zelar pela defesa e proteção dos cidadãos que o elegeram, bem como do património local. Que fez Miguel Albuquerque? Relaxou, desvalorizou, menorizou… Falhou!!!

É impensável, que perante tamanha insegurança vivida, impulsionada por este grande incêndio, que um presidente do Governo Regional, procure atacar tudo e todos, numa tentativa de desviar a atenção sobre si e sobre o seu governo. Que afirme repetidamente que não há necessidade de alarme, perante uma visível desarticulação e a evidência de que os recursos regionais seriam insuficientes.

Diz a sabedoria popular que “de velho morreu o seguro” e perante os incidentes já vividos, o que se poderia esperar de um Executivo seria a proatividade e medidas de prevenção. Não houve! Nem no ordenamento do território, nem na limpeza de terrenos. E não houve na capacidade de acionar os meios de combate ao incêndio no tempo adequado e devido.

Como habitual, optou-se pela atitude arrogante e superior do: “está tudo controlado”; “não percebem nada disto” e “já está a ser feito”. E nisto, decisões políticas indevidas atrasaram a intervenção e decisão técnica. O combate ao incêndio acabou por avançar em reação (foram vários os especialistas que o afirmaram publicamente). E a terra ardeu por dez sofridos dias, atingindo 5100 hectares, num retrocesso de todo um trabalho na conservação do património natural, na preservação de um conjunto de espécies endémicas e únicas no mundo. Cerca de 200 pessoas passaram pelo susto de abandonar as suas casas, animais resgatados, terrenos agrícolas queimados, bombeiros esgotados.

Foi assim a Madeira, novamente este ano, noticia nacional, pelas piores razões. A responsabilidade vai unicamente para quem nos governa. Miguel Albuquerque entrou no ranking da pior governação.

Hoje temos um manto verde transformado numa paisagem negra e seca. Haja agora humildade de ouvir os especialistas e a população. Senão, corremos o risco de efetivamente ter uma paisagem cheia de carqueja e eucaliptos, que o presidente do Governo afirmava estar unicamente a ser atingida. Quis o Executivo fazer crer que os 15% de área florestal ardida na Região, era somente composta por espécies invasoras. Um cenário dito tão despreocupante, que foi somente necessário ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

O Governo da República também não esteve bem, assobiou para o lado, e foram vergonhosas as declarações de puro desconhecimento e alienação da Senhora Ministra da Administração Interna. Já o Senhor Representante da República, perante todo este cenário, que não orgulha ninguém, considerou que os seus resultados “foram ótimos”. Foram todos de férias?

É uma tristeza profunda, a atitude que apresentam os nossos governantes de falta de compromisso e zelo para com o nosso património e população. Que terá a Madeira para oferecer no futuro, se nem o seu bem maior sabe proteger? Adicionado ao desgaste que se assiste em determinados pontos e roteiros turísticos. E a uma ausência de resposta adequada, àqueles que se despedem da Ilha, sobre um colchão ou chão frio do aeroporto, condicionados pelos ventos sentidos na Região.

Este Governo tirou férias. Está cansado. E nós também, da sua pseudo-governação e sobranceria. É momento de averiguar todas as responsabilidades perante o Parlamento Regional. O Partido Socialista defende uma averiguação aprofundada, rigorosa e abrangente de todo este processo de um dos maiores incêndios da Região. E só é possível através de uma Comissão de Inquérito, pelo seu poder de investigação e fiscalização.

Está na hora de o Governo sair da espreguiçadeira e responder, perante o órgão fiscalizador, ao povo madeirense. Assumir toda a responsabilidade pelo dano ocorrido sobre o nosso património natural.