À volta dos incêndios
Mais uma vez a Madeira foi fustigada pelos incêndios.
Não vale a pena dizer se a culpa é do calor, do vento ou de mão criminosa.
Parte das nossas serras incendiaram. Se foi mais do que no passado, se foi menos ou igual, não é importante para o caso.
Tal como não é importante que os “Bombeiros Atómicos “(filme do saudoso Cantinflas) viessem com as suas espertezas e demagogias acusar estes e aqueles, pedir-lhes a cabeça, responsabilizá-los pelo sucedido.
Não o fizeram há poucos anos quando Portugal ardeu quase de norte a sul, com mortes, desalojados, prejuízos incalculáveis das populações, cujas promessas de ajuda ao não serem cumpridas, ainda hoje são reclamadas.
Mas isto tem uma explicação. E é simples. Acima das tragédias e respetivas vítimas estão os malditos interesses políticos/ partidários/ pessoais que, estão a dar cabo do País, a decepcionar cada vez mais a grande maioria do povo, a enfraquecer esta amostra imperfeita que os “filhos do regime “apelidam de democracia.
Voltando à Madeira, o mês de Agosto – pelo menos nos últimos anos – tem-nos sido fatídico, com vários acontecimentos de triste memória, mas só no que confine a incêndios é um mês que deve ser sempre esperado com muita cautela e preocupação
Não pode ser um mês de férias - mais ou menos descontraídas? - para aqueles que não foram obrigados, mas, sim, candidataram-se e foram eleitos para defenderem o interesse desta terra e respetivas populações.
Palavreando o ditado antigo “quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele”, quem tem a responsabilidade de uma Terra ou de uma Região sobre os ombros, não pode agir como um cidadão comum, tem de estar de “prevenção “permanentemente, sobretudo, evidentemente, quando o perigo, a tragédia, a calamidade, possa estar iminente, tenha mais probalidades de acontecer.
Há fotografias que correm nas redes sociais, aparecem nas televisões que podem ferir de morte qualquer político, não abonam a favor de quem governa esta terra.
E o que nos preocupa - e pelos vistos a maioria dos madeirenses - não é a mudança das personalidades que governam, mas o seu comportamento poder levar a Região a mãos que o povo na sua larga maioria tem categoricamente expressado nas urnas que não quer que governe a Madeira.
Podemos estar a ser duros na leitura, mas é o que nos parece de mais certo e concreto. E deve constituir o drama do eleitor que opta pela abstenção. Pode não gostar de quem governa, mas não acredita, não confia, não atribui credibilidade a quem se apresta para governar.
Neste caso dos incêndios - a não ser que nos escapasse – se tivessem alertado anteriormente para o estado dos terrenos, especialmente das serras e agora tivesse acontecido, o que aconteceu, certamente a credibilidade dos que agora criticam, - políticos ou não-, seria levada noutra conta, merecia outra consideração.
Vir agora criticar e tentar tirar aproveitamento político desta tragédia, ainda causa mais revolta e indignação a quem os ouve ou quem os lê.
É pena não haver no partido que podia ser alternativa ao PODER uma “Santa Alma” que diga basta.
Os erros devem ser nossos, as escolhas para as lideranças não têm sido as melhores e para chegarmos ao eleitorado e ao PODER, só poderá ser através de palavras e atos dignos, coerentes, responsáveis e nunca pela maledicência ou aproveitamento de falhas ou erros de quem os tem ou comete.
Se a Madeira precisa de mudança, a mudança tem de começar dentro de nós.
Quando o povo ouvir ou souber que houve esse discurso interno e veja ser colocado em prática, talvez a sua opinião mude sobre a governação desta Terra.
Caso contrário, só vai dar os “tachinhos “de deputado, cada vez em menor número.
Assim está, assim continuará.
Juvenal Pereira