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A Guerra Mundo

Julho foi mês mais mortal para civis na guerra da Rússia na Ucrânia

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Foto Lusa

O mês de julho foi o mais mortal para civis na guerra da Rússia na Ucrânia em quase dois anos, registando-se pelo menos 219 mortos e 1.018 feridos, indicaram hoje as Nações Unidas (ONU).

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada pela Eslovénia e pelos Estados Unidos para discutir a situação política e de segurança na Ucrânia, o secretário-geral adjunto da ONU para a Europa, Ásia Central e Américas, Miroslav Jenca, frisou que, "tragicamente", os números de vítimas continuam a aumentar, uma vez que cidades, vilas e aldeias em todo território ucraniano continuam a ser atingidas diariamente por mísseis, bombas e 'drones' explosivos.

"Não podemos permitir que a terrível devastação desta guerra seja normalizada", instou Jenca.

De acordo com o Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, desde 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, 11.662 civis foram mortos - 639 deles crianças - e 24.207 civis ficaram feridos - sendo 1.577 crianças.

O secretário-geral adjunto frisou que as mulheres na Ucrânia enfrentam riscos particulares, representando 56% dos 15 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária, num momento em que se registou um aumento de 40% nos casos de violência de género.

Nos últimos dois dias, centenas de mísseis e drones mataram pelo menos 11 pessoas e atingiram infraestruturas de energia e outras de tipo civil em todo o país, com danos relatados em 15 regiões, apontou hoje Jenca, que manifestou ainda alarme com incidentes relatados em torno de instalações nucleares na Ucrânia e na Rússia.

"Continuamos a pedir o máximo de contenção e vigilância para evitar um incidente nuclear, cujas consequências podem ser catastróficas para a região e o mundo", disse o representante da ONU.

"Esta vasta destruição agrava ainda mais o acesso já precário à energia e à água para milhões de pessoas", acrescentou.

Além disso, segundo a ONU, 546 instalações médicas e 1.306 instalações educacionais foram danificadas ou destruídas, particularmente no leste e sul da Ucrânia, onde vilas e cidades inteiras foram parcial ou completamente devastadas.

A ONU continua ainda "profundamente preocupada" com 1,5 milhões de pessoas que não consegue alcançar em partes das regiões ucranianas de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporijia, atualmente sob ocupação russa.

As Nações Unidas manifestaram igualmente preocupação com o impacto dos combates junto da população civil em ambos os lados da fronteira Ucrânia-Rússia, incluindo nas regiões de Sumy e Kharkiv, na Ucrânia, bem como nas regiões de Kursk, Belgorod e Bryansk, na Federação Russa.

Após o início da incursão da Ucrânia na região de Kursk em 06 de agosto, as autoridades russas relataram pelo menos 12 mortes e outras 121 pessoas feridas, além de pelo menos 130.000 pessoas foram retiradas da região.

As Nações Unidas realçaram não terem recebido relatos adicionais de vítimas civis ou danos relacionados a essa incursão e admitiram não serem capazes de confirmar esses relatos, uma vez que "não tem acesso à Federação Russa e às áreas afetadas pelos combates".

"Como o secretário-geral da ONU repetidamente sublinhou, ataques a civis e infraestrutura civil são inaceitáveis, não importa onde ocorram. Esses ataques são proibidos pelo direito internacional humanitário. Eles devem terminar imediatamente", afirmou o secretário-geral adjunto.

No sábado, a Ucrânia comemorou o seu 33.º Dia da Independência, quando também se assinalou o marco de dois anos e meio da invasão russa em larga escala, "em flagrante violação da Carta da ONU e do direito internacional", frisou hoje Jenca.

"Nesta ocasião, reiteramos o total compromisso das Nações Unidas com a soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia, dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", reforçou.

Vários Estados-membros aproveitaram a reunião de hoje para reiterar o apoio à Ucrânia e realçar o direito de Kiev à "autodefesa".

"O Dia da Independência da Ucrânia serve como um lembrete do que está em jogo: os princípios fundamentais de soberania e integridade territorial. O nosso compromisso com esses princípios, assim como nosso compromisso com a Ucrânia, não vacilará. Os Estados Unidos apoiarão a Ucrânia enquanto ela busca uma paz justa e duradoura, consistente com a Carta da ONU", afirmou o diplomata norte-americano Robert Wood.

De acordo com o Reino Unido, a luta dos ucranianos é também "em nome de todos os países, em defesa dos princípios pelos quais a ONU foi fundada: que todo o Estado-Membro tem direito à soberania e à integridade territorial, e as fronteiras não podem ser redesenhadas pela força".

"O Presidente (russo) Vladimir Putin pensou que Kiev cairia em poucos dias. Ele estava errado. E a coragem ucraniana continua a provar que ele está errado todos os dias. A Rússia está cada vez mais desesperada (...) e os seus ataques tornam-se mais covardes", advogou o diplomata britânico James Kariuki.