Junta do Curral sinaliza e interdita percursos afectados pelos incêndios
Manuel Salustino alerta para a quantidade de árvores queimadas e tombadas, pedras caídas, antevendo que as chuvas poderão trazer outros problemas
Praticamente todos os trilhos que ligam o Curral das Freiras às zonas de montanha foram afectados pelo grande incêndio dos últimos dias que queimou mais de cinco mil hectares nos concelhos da Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.
De acordo com Manuel Salustino, no vale do Curral das Freiras "apenas se salvou" a vereda do Paço da Chave, que liga o centro da freguesia à Eira do Serrado, já que o fogo não chegou àquela encosta, pois, de resto, "varreu em quase toda a volta".
O presidente da Junta de Freguesia, que desde o primeiro momento tem estado no terreno a acompanhar a situação, e agora, na fase de rescaldo, já visitou as áreas afectadas pelo fogo. Com base no levantamento feito até ao momento, nota que "as veredas estão muito perigosas" e "não devem reabrir tão cedo".
A Junta de Freguesia do Curral das Freiras, com a colaboração de voluntários, realizou já um registo do estado dos percursos pedestre na montanha, nomeadamente a subida Lombo Chão até a Boca dos Namorados, desde da Fajã Escura até às Relvinhas e Pico Grande, e ainda o percurso até a Boaventura e Pico Ruivo e deparamos-nos com dificuldades pela queda de árvores, muita pedra e ainda muito fumo e cinza dos incêndios. Manuel Salustino, presidente da Junta de Freguesia do Curral das Freiras
Essa 'radiografia', bem documentada por fotografias e vídeos, alguns dos quais aqui partilhados, aplica-se tanto ao percurso classificado do Curral das Freiras para o Lombo do Urzal (PR 2 - Vereda do Urzal), onde a quantidade de pedras no trilho e o número de árvores caídas representam "muito trabalho de limpeza pela frente"; como aos percursos que, embora não classificados, são muito utilizados pelos caminheiros, tanto locais, como turistas.
Nesta lista incluem-se a vereda para a Boca dos Namorados a partir do Lombo Chão, a vereda da Fajã Escura às Relvinhas e ao Pico Grande (bem como no percurso do Lombo dos Portais, que ligava ao Pico Jorge), mas também a subida da vereda dos Portais, pelo Pico Furão até ao Pico Ruivo ou a do Pico Cidrão até ao Pico do Areeiro.
Por essa razão, a Junta de Freguesia, em conssonância com a Câmara Municipal de Câmara de Lobos e o respectivo serviço de protecção civil, procedeu à sinalização desses percursos, alertando para a perigosidade dos mesmos e desaconselhando a sua realização.
Diz Manuel Salustino que "por precaução foram estes percursos já sinalizados com a proibição da sua utilização por tempo indeterminado face aos estragos que poderão ser maiores ainda quando a chuva chegar". Realça ser necessário aguardar algum tempo para ver como evolui a situação, nomeadamente com as primeiras chuvas, de modo a, "numa acção consertada entre os recursos municipais, os recursos da Junta de Freguesia e ainda com instituições que fomentam o trail e o btt", para levar a cabo "uma operação de limpeza no sentido de os tornar seguros e viabilizados à população e aos visitantes".
O presidente da Junta, lamentando o transtorno que toda esta situação possa acarretar, nomeadamente ao nível económico para os 'players' locais, dá como alternativas, para já, os percursos que integram o circuito pedonal no interior da freguesia, que, embora a paisagem agora esteja pintada de negro e cinza, não foram afectados pelas chamas.
Diz mesmo que estão já em marcha pequenas melhorias nesses roteiros, nomeadamente o do Pico, o do Caminho das Voltas ou da Fajã Capitão, realçando que "são percursos seguros, de curta duração, mas que permitem a quem os utiliza possa usufruir da paisagem rural e urbana do Curral das Freiras", apreciando o que diz ser "a genuína agricultura da cultura dos castanheiros e ginjeiras".