JPP diz que cresce a revolta dos bananicultores contra a GESBA
Estão por contabilizar os danos causados aos bananicultores que, nos últimos dias, passam por um verdadeiro tormento que é esperar, horas a fio, para entregar a banana na GESBA – empresa pública que gere o sector. Isto mesmo foi confirmado pelos agricultores ao deputado do Grupo Parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP), Paulo Alves, que esteve em contacto directo com os produtores na Ponta do Sol e presenciou os sinais de indignação e desânimo.
Paulo Alves diz que "a GESBA não apresenta qualquer solução imediata para o grave problema". Pelo contrário, segundo os contactos do JPP, "a situação deverá agravar-se nos próximos tempos".
De acordo com as informações recolhidas pelo deputado, "houve produtores que, na passada segunda-feira, pediram à GESBA para agendar o corte e entrega de banana, mas a empresa pública terá respondido que novos agendamentos só serão possíveis no mês de Outubro – portanto, daqui a um mês".
“Está na hora da incompetência ser penalizada, está na hora do setor primário ser respeitado, está na hora de acabar com os compadrios e ‘jobs for the boys’,”, diz o parlamentar e acrescenta: “Estamos na presença de uma enorme falta de respeito da empresa pública para com os agricultores, é um problema frequente todos os verões, com os camiões dos agricultores várias horas à espera, alguns chegam a ficar de um dia para outro, para descarregar a banana".
Paulo Alves fala de consequências directas para os bananicultores, com a empresa pública a sair incólume do problema de que é a única responsável.
Estas longas horas de espera em fila, implicam que a banana, além do calor que sofre, fique exposta ao sol por espencar, tenha perda de qualidade, baixe da classificação extra para primeira, e consequentemente dê menos ganho aos produtores”. Paulo Alves
E questiona: “Quem irá compensar as perdas destes produtores pagando os prejuízos causados aos mesmos?”, e enuncia outra questão: “Alguém sabe onde está a secretária da Agricultura, Pescas e Ambiente? Alguém já a viu aqui, com os agricultores, ou só aparece para a fotografia colorida?”
Diz ainda que "além das horas de espera, perda de tempo e de rendimento para os agricultores, há também a inflação nos preços dos fertilizantes, dos adubos, combustíveis e mão-de-obra, que têm atingido valores recorde".
"Factores que a GESBA e o Governo Regional continuam a não valorizar, a não aumentar os apoios necessários, pelo contrário, há um notório desprezo pela agricultura, pelos agricultores”, sublinha Paulo Alves.
O JPP lamenta que, sendo esta uma situação frequente todos os verões, o Governo Regional e a administração da GESBA nada façam para resolver o problema. Já prevendo a repetição dos acontecimentos, o deputado do JPP, Rafael Nunes, em Junho deste ano, no Parlamento, havia interpelado directamente a secretária regional da Agricultura, Pescas e Ambiente sobre duas questões: a primeira, a de que a falta de recursos “era uma desculpa esfarrapada” porque o Governo sabe da quantidade de banana que está por apanhar e pode prover os meios; a segunda, um pedido a Rafaela Fernandes para que assumisse o compromisso de que a situação não se repetiria. A resposta da secretária regional é pública e notória. “Está na hora de acabar com este e outros monopólios”, acrescenta Paulo Alves.
O JPP assume que continuará a liderar “a luta dos agricultores por melhor rendimento, qualidade de vida e dignidade pelo trabalho que fazem até em prol da paisagem”, e exige saber quais são os procedimentos que o Governo Regional e a GESBA estão a adoptar para resolver “este problema crónico”.
Ou, se pelo contrário, conforme confirmou o deputado Paulo Alves, junto dos agricultores, "fingem não ouvir os protestos e as preocupações justas; a não atenderem o telefone quando ligam para a GESBA; a acharem normal fila com 30 carros para descarregar banana; que esses carros estejam dois/três dias ao sol com a banana a perder qualidade para depois pagarem a um preço mais baixo ou enviá-la para a Meia Serra".
Enquanto aguardam por respostas às perguntas mencionadas, o JPP propõe algumas soluções para o imediato, tais como: "reabrir urgentemente o armazém da Madalena do Mar e as suas duas linhas; contratar, no mínimo, 18 a 20 pessoas para trabalhar e não administradores; que toda a recolha de banana dessa zona seja depositada nesse armazém, resolvendo deste modo o problema da zona Oeste" .