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Yeshua

Privilegiou-se a confraternização intergeracional, longe das redes sociais que infelizmente cada vez mais servem para se dizer mal de tudo e de todos

No passado dia 27 de julho de 2024, pelas 21h30, aconteceu no Porto de Recreio da Calheta o 2.º Festival de Música Cristã do nosso Município. O que me leva a escrever sobre este evento é, acima de tudo, o que senti ao assistir a um espetáculo diferente pela sua natureza, que envolveu muita juventude e muito talento do meu concelho, mas não só.

Para quem não sabe, Yeshua é a abreviatura de Yehoshua (Josué), nome de Jesus em hebraico. O objetivo da organização passa essencialmente por integrar de forma económica os valores musicais cristãos, intensificando o movimento musical no Município, potenciando novos talentos através de versões musicais religiosas de vários géneros, desde o reggae, passando pelo rock, soul, gospel, dança, etc. Este espetáculo envolveu 23 pessoas, 11 músicos e 12 cantores, sendo que 80% são naturais ou residentes no concelho da Calheta, com a preciosa colaboração de talentos de outras paragens como por exemplo do Funchal e da Ponta do Sol.

A brilhante ideia surgiu e foi-nos apresentada pelo professor Maciel Ferreira, que desde a primeira hora foi aceite, tanto por nós, Câmara Municipal, como pelas paróquias da freguesia da Calheta lideradas superiormente pelo Padre Silvano Gonçalves, também ele um talento musical com provas dadas. A verdade é que, meio a brincar meio a sério, já vamos na 2.ª edição e pela qualidade que se viu não tenho dúvidas de que este Festival está para durar.

Com o testemunho do Sr. Bispo D. Nuno Brás, num cenário lindíssimo da Marina da Calheta e com a envolvência do anfiteatro natural dos jardins do Porto de Recreio, reuniram-se as condições únicas para uma noite memorável. E assim, com casa cheia, apesar dos muitos eventos que estavam a acontecer um pouco por toda a Região, foi um orgulho imenso assistir a uma produção inteiramente regional, com os nossos jovens a mostrarem todo o seu potencial, expressando através da música e da dança valores que hoje vão rareando, não sendo, salvo raras excepções, de forma alguma prioridade da nossa sociedade, onde se incluem infelizmente muitas das nossas famílias.

Privilegiou-se a confraternização intergeracional, longe das redes sociais que infelizmente cada vez mais servem para se dizer mal de tudo e de todos, esquecendo a importância das relações interpessoais que fisicamente ganham a importância que todos nós reconhecemos.

Terminei a noite de coração cheio, e todos aqueles que assistiram a este momento único, pela reação do público, pelos aplausos e pelo brilho nos olhares dos “nossos” jovens artistas, saímos com a certeza que o futuro também na cultura está assegurado. Hoje, fruto da preparação que lhes é dada nas escolas e também neste tipo de organizações, os nossos jovens encaram com naturalidade a presença em palco, permitindo-lhes abrir novos horizontes que mesmo não sendo na música, alguns até já fazem carreira, confere-lhes uma maturidade e formação sólida para a sua vida futura. Num mundo cada vez mais desafiante, onde a guerra, o egoísmo e a falta de valores fazem parte do nosso dia a dia, fazem falta momentos como aquele. Que nos reforçam a esperança e a fé num mundo melhor. Fica aqui a minha homenagem e agradecimento a todos aqueles que fizeram parte desta bela noite, com a certeza que para o ano voltaremos. Quem presenciou não esquecerá, quem não esteve presente está convidado para o próximo ano, sensivelmente na mesma data. Venham, vão ver que vão gostar.