África do Sul retoma julgamento de ex-Presidente Jacob Zuma no caso do negócio de armas
O julgamento do ex-Presidente da África do Sul Jacob Zuma num caso de alegada corrupção pública, relacionado com a compra de armamento há mais de 20 anos, será retomado nesta quinta-feira, anunciou hoje a Justiça sul-africana.
"O caso entre o Estado [Ministério Público] e Jacob Zuma e a empresa Thales África do Sul está marcado para ser ouvido em tribunal aberto na divisão de KwaZulu-Natal do Tribunal Superior, em Pietermaritzburg, em 29 de agosto de 2024", informou a instituição.
O ex-presidente da África do Sul, e antigo líder do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder desde 1994, está a ser julgado no caso de suborno e alegada corrupção pública na compra de armamento em 1999 pela África do Sul pós-'apartheid'.
O julgamento começou em maio de 2021, após um enorme atraso devido a múltiplos recursos de Jacob Zuma e adiamentos obtidos pelos advogados do antigo chefe de Estado sul-africano, invocando razões de saúde.
Zuma instituiu igualmente vários processos contra o procurador principal no seu julgamento, Billy Downer, para que recuse o caso, acusando-o de parcialidade e de fuga de informação para a imprensa.
Jacob Zuma, de 81 anos, chefe de Estado entre 2009 e 2018, enfrenta múltiplas acusações relacionadas com o caso, incluindo fraude, corrupção, lavagem de dinheiro e extorsão, no âmbito da compra de equipamento militar a cinco empresas de armamento europeias, quando era vice-presidente de Thabo Mbeki.
O fabricante francês do setor da Defesa, Thales, enfrenta também acusações de corrupção e branqueamento de capitais. Tanto Zuma, como o grupo Thales sempre negaram as acusações.
Um relatório sobre a corrupção sem precedentes sob a presidência de Zuma, tão extensa que foi apelidada de "captura do Estado" pelos sul-africanos, foi divulgado em 2022 por uma comissão judicial de inquérito, destacando o papel central do antigo chefe de Estado no saque sistemático dos fundos públicos.