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Incêndios Madeira

'Luva branca' de Timor volta a bater

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Em Agosto de 1999, Timor-Leste, ainda um território a aguardar a confirmação da sua independência, enfrentava uma tragédia provocada pelas milícias pró-Indonésia. Uma ilha pobre, com carências a todos os níveis, vivia das ajudas internacionais. Portugal, antiga potência colonial, procurava ajudar com acções diversas. O Governo da República, do actual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, procurava reunir verbas para ajudar Timor que visitaria pouco tempo depois.

Na Madeira, era ano de eleições e Alberto João Jardim estava no Porto Santo, nas habituais férias-comício que se tornaram famosas pelas tiradas políticas que saíam do areal. Uma delas iria marcar a relação do presidente do Governo Regional com Timor-Leste, um pequeno país do outro lado do mundo.

Questionado sobre a ajuda a Timor que estaria a ser preparada por Lisboa, foi directo: "A Madeira não vai descontar um tostão que seja (o euro só surgiu mais tarde) para apoiar medidas em Timor". E foi mais longe, garantindo que a Região não admitiria que lhe fosse descontado qualquer valor para "aventuras" naquele território.

"A filosofia popular ensinou-me que cada um deve-se governar por si", disse.

A afirmação de Jardim gerou reacções de protesto. O DIÁRIO promoveu uma recolha de fundos que acabaria por resultar em alguns milhares de contos para Timor.

Pouco mais de 10 anos depois, chegou a primeira 'bofetada de luva branca'. A 20 de Fevereiro de 2010, a Madeira enfrentou a maior tragédia deste século, com temporais que mataram cerca de 50 pessoas, espalharam destruição e deixaram muitas famílias desalojadas. O governo de Timor-Leste foi um dos primeiros a aprovar uma ajuda directa à Madeira. Foram 750.000 dólares, de um país com um orçamento de 644 milhões de euros, menos de metade do orçamento da Madeira que então era de 1.500 milhões.

Agora, 25 anos depois do 'nem um tostão para Timor', chega outra 'bofetada', do outro lado do mundo. O governo de Díli aprovou uma ajuda de 2,2 milhões de euros para a Madeira, devido aos incêndios que queimaram mais de 5.000 hectares de floresta. 

Timor-Leste já está melhor, tem um orçamento para este ano de 1.780 milhões de euros, mesmo assim inferior ao da Madeira que ultrapassa os 2.000 milhões.

Timor-Leste concede donativo de 2,2 milhões de euros à Madeira

Apoio visa a recuperação dos danos causados pelo incêndio