Itália regista pico de chegada de migrantes, mas longe do fluxo de 2023
O centro de acolhimento de migrantes na ilha italiana de Lampedusa registou nos últimos dias o maior pico de chegadas deste ano e encontra-se sobrelotado, com perto de 900 pessoas, mas o fluxo é significativamente menor do que em 2023.
Durante o último fim de semana, e aproveitando as boas condições no Mar Mediterrâneo, desembarcaram centenas de migrantes irregulares na ilha -- o território italiano mais meridional ao largo da costa africana -, levando a que o centro de acolhimento ('hotspot') de Lampedusa registasse na segunda-feira à noite mais do dobro da sua capacidade (cerca de 400 pessoas).
No entanto, as autoridades contam transferir ao longo do dia de hoje cerca de 250 migrantes para Porto Empedocle, na ilha da Sicília, enquanto outros 150 deverão deixar Lampedusa à tarde com destino a outros centros de acolhimento, incluindo na península.
Apesar deste pico de chegadas de migrantes irregulares à ilha de Lampedusa -- onde desembarcam depois de resgatados no mar pela guarda-costeira ou por navios de organizações não-governamentais (ONG), e em alguns casos após lograrem mesmo alcançar as costas -, o fluxo migratório através do Mediterrâneo Central está muito aquém daquele registado noutros anos, designadamente no ano passado.
De acordo com dados atualizados do Ministério do Interior italiano, desembarcaram este ano nas costas italianas até à data de 26 de agosto (segunda-feira) um total de 39.566 pessoas, contra 112.494 no mesmo período do ano passado. A título comparativo, enquanto entre sábado e segunda-feira chegaram às costas de Itália um total de 1.306 migrantes, o valor mais alto de 2024, no mesmo período (24 a 26 de agosto) do ano passado haviam desembarcado 6.471 pessoas.
Lampedusa, uma pequena ilha de 20 quilómetros quadrados com cerca de seis mil habitantes, é o ponto mais a sul de Itália, tendo-se tornado um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes desde a Líbia e, sobretudo, Tunísia, país com o qual a UE adotou um polémico acordo de cooperação no ano passado com o objetivo de reduzir substancialmente as saídas ilegais desde este país magrebino rumo a Itália.