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Militares israelitas insistem que missão "ainda não está concluída" no Líbano

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O chefe das Forças Armadas israelitas, Herzi Halevi, afirmou hoje, numa visita ao norte do país, que a missão contra as milícias libanesas do Hezbollah "ainda não foi concluída", após o ataque maciço no fim de semana no Líbano.

"O Hezbollah tem outras capacidades", disse Halevi numa visita ao Comando do Norte com o seu homólogo norte-americano, Charles Q. Brown, que se encontra em Israel para discutir a possibilidade de uma ofensiva iraniana, e com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant.

"Estamos a reforçar a nossa cooperação em resposta aos desafios e ameaças no Médio Oriente", acrescentou Halevi sobre a visita do chefe militar norte-americano, argumentando que, embora "Israel se defenda, é sempre bom ter um aliado forte ao seu lado".

Gallant, por seu lado, sustentou que "a agressão do Irão atingiu um máximo histórico", que exigirá um trabalho conjunto com os Estados Unidos.

No fim de semana, as forças israelitas lançaram um maciço "ataque preventivo", com o envolvimento de mais de 100 aviões de combate, visando lança-foguetes do Hezbollah, que se preparava para bombardear o norte e o centro de Israel em retaliação pela morte, há um mês, do seu comandante, Fuad Shukr, em Beirute.

O grupo xiita libanês, apoiado pelo Irão, conseguiu porém disparar cerca de 300 projéteis contra Israel, na maior escalada de guerra entre as partes em quase duas décadas.

O Irão também prometeu vingança após o assassínio em Teerão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, num outro ataque atribuído a Israel

O chefe do Estado-Maior insistiu hoje que as forças armadas continuarão a eliminar os comandantes da milícia xiita pró-iraniana, bem como a anular os seus meios e capacidades, com o objetivo de garantir o regresso das populações retiradas do norte do país às suas casas.

No domingo, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, avisou igualmente que Israel não tinha dito ainda "a sua última palavra".

No total, mais de 60 mil israelitas foram forçados a abandonar as suas localidades na fronteira com o Líbano desde outubro do ano passado, quando o Hezbollah, em solidariedade com as milícias palestinianas do grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza, começou a atacar Israel, desencadeando uma troca de tiros diária que se mantém até hoje.

Enquanto as tensões com o Hezbollah se mantêm, o Governo israelita aprovou hoje o prolongamento da assistência hoteleira aos israelitas retirados -- tanto os do norte como os do sul, provenientes de comunidades fronteiriças com a Faixa de Gaza -- até 31 de dezembro.

Os mais de 60 mil israelitas que viviam perto da fronteira com o Líbano e que se encontram em hotéis e outros alojamentos subsidiados pelo Estado há mais de 10 meses continuarão nesta situação pelo menos até ao final do ano.

"A decisão inclui um orçamento de cerca de 500 milhões de shekels (cerca de 122 milhões de euros) para financiar a expansão da ajuda estatal em alojamentos temporários, ou seja, pensões e hotéis", refere um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Hoje à tarde, Moshe Davidovitch, membro do conselho regional do norte de Mateh Asher, disse que não reabrirá as escolas na sua região até que estejam totalmente protegidas.

"Estou cansado do espetáculo. Não começaremos o ano letivo num local desprotegido. Não permitiremos outro Majdal Shams", declarou, segundo a emissora pública israelita Kan, em referência ao ataque em que 12 crianças morreram enquanto jogavam futebol naquela cidade.

"Este governo nunca, nunca será perdoado", acrescentou.

Mateh Asher, juntamente com o conselho regional da Alta Galileia e da cidade de Metula, cortaram no domingo relações com o governo central em protesto contra o abandono do norte em plena crise com o Hezbollah.

A formação libanesa (apoiada pelo Irão) disse por seu lado que concluiu a operação no domingo, mas que se trata de uma "primeira fase" da resposta à morte de Shukr, atingido por um bombardeamento israelita contra um edifício nos subúrbios a sul de Beirute.

A crise entre Israel e o grupo libanês encontra-se no seu pico mais elevado desde 2006, com trocas de tiros diárias nas regiões fronteiriças dos dois países desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, deixando cerca de 1.200 mortos e levando mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.