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Madeira

CHEGA diz que sectores do bordado e do artesanato estão a atravessar uma fase crítica de mudança

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Francisco Gomes, deputado madeirense do CHEGA na Assembleia da República, acredita que os sectores do bordado e do artesanato estão a atravessar uma fase crítica de mudança e que a forma como este período for gerido pelos trabalhadores e também pelo próprio Governo Regional "terá impactos significativos no futuro daquelas áreas tradicionais e na valorização das bordadeiras e dos artesãos". 

Os comentários foram feitos após uma reunião com o conselho de administração do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IBVAM), junto do qual o deputado procurou informações sobre o estado actual dos sectores e o investimento público que tem sido feito nos mesmos, não só em termos financeiros, mas também em termos de formação, acompanhamento, fiscalização e promoção.

Temos a consciência que o bordado e o artesanato da Madeira não serão mais o que já foram, mas há oportunidades que podem ser exploradas, há um trabalho de adaptação que tem vindo a ser feito e, acima de tudo, tem de haver um compromisso sério no sentido da valorização dos sectores e dos artesãos. O IVBAM está ciente disso e é nesse sentido que se tem empenhado com grande motivação e profissionalismo” Francisco Gomes

O parlamentar do CHEGA sublinha as iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas pelo IVBAM para garantir a separação entre artesanato e artes manuais, para reconhecer os produtos que têm qualidade para representar a Madeira e para disponibilizar a todos os artesões interessados a formação, o conhecimento e apoio para que possam aperfeiçoar e valorizar o seu trabalho.

“Além das acções de formação, da manutenção dos espaços comerciais e de apoio aos artesãos e dos prémios de excelência, o IVABM tem assumido a missão de separara o que é artesanato genuíno do que são trabalhos manuais. Isto não é fácil, mas tem de ser feito para assegurar a qualidade dos produtos e a sua capacidade para representar a Região junto daqueles que os adquirem", acrescenta. 

Ainda assim, Francisco Gomes expressa preocupações quanto a um número de situações que, na sua opinião, poderão estar a desvalorizar o Bordado Madeira e a carreira da bordadeira, entre as quais imitações provenientes de mercados orientais, supostos agentes que ganham comissões pelos trabalhos das profissionais, as lesões cervicais e de visão que são recorrentes nas bordadeiras e a falta de compensação digna. 

Quando comparamos o preço a que os bordados são vendidos ao valor que é pago às bordadeiras, é claro que estamos perante um caso preocupante de exploração laboral. Será que as mulheres que são a expressão de uma arte artesanal e testemunhos vivos do nosso percurso histórico estão a ser tratadas com o respeito que merecem? Não nos parece e é a Madeira que tem muito a perder com isso.” Francisco Gomes

Para inverter o que considera ser um rumo preocupante, Francisco Gomes pede ao Governo Regional uma postura atenta, construtiva e de sensibilidade humana. Embora reconheça que o IVBAM e a sua liderança estão comprometidos com a valorização bordado, o deputado nacional do CHEGA sublinha que está instaurada uma corrida contra o tempo e que a boa vontade de alguns governantes pode não ser suficiente.   

“A arte do bordado não sobrevive de esmola. Pelo contrário, tem de ser incluída na formação escolar, as imitações estrangeiras têm de ser combatidas e os salários têm de ser muito mais valorizados. As mulheres que produzem um produto de excelência não podem receber misérias", concluiu.