Carlos Pereira 1, Cafôfo 0, ou ambos perderam?!
No verdadeiro jogo em que se transformou a luta pela liderança socialista, há agora mais um episódio: procurando navegar na calamidade dos incêndios, Carlos Pereira resolveu avançar com uma proposta, em São Bento - sem falar sequer com o seu (?!) líder regional - para que a Madeira tenha mais um helicóptero, a pagar pelo Estado. E ainda que seja a República a custear os estragos com os incêndios.
Uma jogada de antecipação a Paulo Cafôfo, que se vem entretendo primeiro com “falsas partidas” – esta de em dia de incêndio vir “atirar” a Miguel Albuquerque, revelando uma sanha que só o desfavorece e que só revela que não aprendeu nada com a crise de Janeiro – e que, apenas seis dias depois, resolveu ir ao terreno (por onde andou este tempo todo?!), para só agora perceber que o tempo é de falar para as vítimas e não do seu “ódio de estimação”. E então, embora timidamente, falou que são necessários mais meios aéreos.
Carlos Pereira, mais sagaz, percebeu que o tempo é, agora, de soluções, de avançar com projetos. E, numa jogada à “chico-esperto” e reveladora da forma como olha para a liderança regional do seu partido, avançou com uma proposta, como se o importante fosse chegar primeiro e não chegar melhor.
Mas, se à primeira vista Carlos Pereira terá voltado a vencer Paulo Cafôfo, a verdade é que ambos (e sobretudo o PS) perdem.
Em primeiro lugar, porque revelam que o PS Madeira fala a duas vozes, que Paulo Cafôfo não é capaz de unir nem disciplinar o seu partido. Em tempo que deveria ser de cerrar fileiras, perdem-se em disputas estéreis.
Disputas que para além de estéreis são erradas. Porque o povo não tem falta de memória e sabe bem que o PS nunca defendeu que fosse a República (como agora sugerem os dois líderes socialistas) a pagar o helicóptero. Nem nunca defendeu um segundo. Essa sempre foi uma “bandeira” de Miguel Albuquerque.
O presidente do Governo Regional é que vem sempre defendendo que é preciso mais meios aéreos e que deve ser a República a pagá-los, até à luz dos princípios constitucionais da defesa do território nacional.
Depois, esquecem-se ambos, mais uma vez, que o povo não é parvo e que sabe muito bem porquê é que só agora é que o PS vem dizer que deve haver mais um meio aéreo a pagar pela República. Porque antes era António Costa que governava.
E quando o PS governa os socialistas de cá seguem sempre a mesma cartilha, reveladora da vassalagem às lideranças nacionais: tudo o que é para ser feito cá a Região é que deve pagar, mesmo quando se trata de matéria que deveria ser suportada, à luz da Constituição, pelo Estado. Foi assim com o ferry, foi assim com os custos da Universidade, foi assim com o novo Hospital, foi assim com o passe sub-23. E poderia estar aqui numa lista infinita….
O PSD é mais coerente: seja o PSD ou o PS a mandar em Lisboa a luta é sempre a mesma. Pela Madeira! E pelos madeirenses e porto-santenses.
Ângelo Silva