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O sucesso de arder

Nos últimos dias, na Madeira, tivemos duas catástrofes: os incêndios e a forma como o desgoverno reinante reagiu a eles.

Primeiro ignoraram, depois tardaram, depois tudo ardeu e, finalmente, vieram reclamar sucesso. Não sei que sucesso reclamam, mas temo que tenha sido o sucesso do deixar arder, o sucesso no atraso do pedido de socorro e no acionar dos meios necessários, o sucesso de terem conseguido estar dias seguidos nas televisões de todo o país pelas piores razões, o sucesso das idas e regressos ao Porto Santo. Nisso realmente tiveram muito sucesso. Foram tão bem sucedidos que a ilha ardeu durante 11 dias. Dizem agora que nenhuma casa, nem nenhuma vida se perdeu, quando, na verdade, a nossa casa comum ardeu, a nossa esperança ardeu um pouco mais, e a nossa democracia arde todos os dias na política de terra queimada que consiste em calar as críticas, ameaçar, vender a versão oficial dos factos, mesmo que esta esteja tão longe da realidade quanto estiveram longe dos fogos na ilha ao lado.

É isto que temos, e é dramático e perigoso quando a uma catástrofe se junta uma ação desastrosa, movida por interesses políticos, por desrespeito, por mentiras, por gente sem sentido de Estado, por arrogâncias e, agora, por uma estratégia de vender um sucesso sem razão de ser e que realmente nunca existiu.

Diz o povo e com razão, que um líder fraco faz fraca a forte gente. E temos vindo a enfraquecer todos, a nossa terra enfraquece nesta democracia doente e composta de homens fracos.

O único agradecimento que temos de fazer é a quem o merece: aos bombeiros no terreno, aos autarcas no terreno, às pessoas que lutaram pelo que é seu no meio do desnorte de quem preferiu regressar às férias. Se houve sucesso foram dos que disseram presente enquanto outros fechavam portas e abriam espreguiçadeiras na ilha ao lado.