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O Sul em crescimento

Após décadas em que o ocidente era o principal parceiro e fator influenciador de diversas nações do hemisfério sul, através dos programas de assistência internacional, investimento externo e diplomacia soft, a China – e em menor escala a Rússia – estão a tornar-se os parceiros de referência do sul Global.

Através da expansão de organizações como os BRICS, que passaram a incluir o Irão, Egipto, Etiópia e os EAU, bem como com a operacionalização do programa chinês Corredor e Rota, a China aumentou em muito a sua presença no sudoeste asiático e no continente africano.

Esta presença estatal abriu caminho para a entrada e rápida expansão das empresas privadas chinesas, com a revista The Economist a reportar que as empresas chinesas cotadas em bolsa quadruplicaram as suas vendas para o hemisfério sul desde 2016.

Este crescimento representa um desafio para qualquer economia incluída na UE. Os elementos da união europeia têm diplomacia e relações externas parcialmente partilhadas entre os seus membros. Este facto não concilia bem com a presença crescente – e nalguns casos dominantes – do Estado chinês.

O forte crescimento previsto para as próximas décadas, nos países em desenvolvimento, implica que estes mercados não podem ser ignorados, nem podemos estar singularmente focados nos mercados que são, hoje, desenvolvidos.

A dimensão populacional dos estados africanos e sudoeste asiático implicam, mesmo que as taxas de crescimento sejam mais moderadas do que as previstas, que no espaço de algumas décadas, estes mercados terão um peso muito mais material na economia global.

E como ficam a Madeira e Portugal? Em primeiro lugar, teremos uma forte concorrência turística quando muitos países africanos atingirem níveis de desenvolvimento que permitam maiores níveis de segurança pública e maior diversidade de bens e serviços, tornando-se mercados turísticos muito mais atrativos do que são hoje.

Uma forma de gerir este risco para as empresas da Região é fazer parte do seu desenvolvimento. Não há razão para que as empresas líderes da Região, presentes em quase todos os nichos do turismo – desde observação de aves até desportos náuticos – não sejam prestadoras de serviços regulares nestas economias.

Com a estabilização e crescimento dos estados locais, as necessidades de gestão e transparência também irão aumentar e as nossas empresas de serviços podem, e devem, fazer parte do processo de desenvolvimento das empresas locais, participando no desenvolvimento de iniciativas de segurança das cadeias alimentares, hospitalidade ou outros relevantes.

Ganha o país que olhar para os mercados em expansão como novas oportunidades e não como mercados parados no tempo.