DNOTICIAS.PT
Incêndios Madeira

"Esta fotografia mata um político"

Miguel Sousa Tavares comentou fotografia de Miguel Albuquerque no areal do Porto Santo quando, alegadamente, a Madeira já estava a arder

Captura TVI
Captura TVI

"Isto é uma falta de respeito pela população da Madeira", disse o comentador político no seu espaço de opinião semanal '5.ª Coluna' para depois complementar: “Esta fotografia é como se estivesse a decorrer a batalha de Aljubarrota e nós víssemos o Nuno Álvares Pereira na praia de São Pedro de Moel a tomar banhos de sol durante a batalha”

Miguel Sousa Tavares não foi meigo com Miguel Albuquerque. No seu espaço de comentário da TVI, o cronista recorreu a uma fotografia do presidente do Governo Regional, na praia do Porto Santo, para dizer que o retrato “é fatal”.

O retrato foi alegadamente capturado quando a Madeira estava em chamas e o governante tinha voltado à Ilha Dourada para gozar o resto das férias que foram interrompidas por força do incêndio. Na ‘5ª Coluna’, Miguel Sousa Tavares assumiu que a fotografia na espreguiçadeira “merece ser vista”, porque vale “mais do que mil palavras”.

Esta fotografia mata um político. Isto é uma falta de respeito pela população da Madeira. Mata um político. Para mim, Miguel Albuquerque já se devia ter ido embora. Isto é fatal. Miguel Sousa Tavares

E o comentador político aproveitou ainda para estabelecer uma analogia histórica. “Esta fotografia é como se estivesse a decorrer a batalha de Aljubarrota e nós víssemos o Nuno Álvares Pereira na praia de São Pedro de Moel a tomar banhos de sol durante a batalha”, criticou.

Ao assumir que não é perito em incêndios, "apenas como português habituado a ver" o País arder, Miguel Sousa Tavares assume que ao longo dos anos foi "aprendendo alguma coisa" e, como tal, não consegue perceber "qual é a estratégia, com sucesso ou não, que consiste em deixar arder".

Albuquerque regressou às férias no Porto Santo

Pedro Ramos desvalorizou ausência do presidente do Governo no briefing

Primeiro era deixar arder para o fogo chegar aos cabeços. Agora é deixar arder para chegar ao Maciço Central. Só então é que chamam os Canadair e recorrem ao Mecanismo Europeu de Protecção Civil. Porque não antes? Os aviões despejam água em qualquer altura. E se despejassem logo no início, o fogo não tinha continuado a alastrar, não é? Com um helicopterozinho? Ontem ele gabava-se que tinha feito em 8 dias 160 descargas de helicóptero. São 20 descargas de água por dia, são 20 mil litros de água por dia. Isto não é nada. A gente está a ver a dimensão do fogo e 20 mil litros de água por dia para apagar aquilo? Estamos a brincar aos incêndios? Parece-me a mim, que não percebo nada do assunto. Miguel Sousa Tavares

O escritor fez ainda um reparo à gestão e protecção da floresta madeirense, dando nota do número de elementos que fazem parte do corpo de polícia florestal.

"Vi há dias uma entrevista com alguém que tinha trabalhado nos serviços florestais da Madeira, que diz que em 1975, quando ele entrou, havia 2.300 guardas florestais da Madeira. Em 2015, quando ele saiu, havia 300. Para onde é que eles foram? Para a Constituição Civil, para a hotelaria, ou seja, a Madeira apostou tudo nos hotéis, mas os clientes que vêm para os hotéis da Madeira vêm sobretudo para ver a floresta (…) mas apostou-se tudo nos hotéis, porque enche mais o olho, dá mais dinheiro à iniciativa privada. Portanto, aqui há uma opção", mencionou.

Fogo não está a afectar a actividade turística na Madeira

O secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, assegurou hoje que o incêndio na ilha não está a afetar a atividade turística, com exceção da animação, na utilização de veredas e levadas que estão condicionadas.

Miguel Sousa Tavares abordou ainda o incêndio na Madeira, preferindo destacar também uma situação concreta: que seja proibido utilizar foguetes durante o período de Verão. "No início do fogo falou-se num foguete. E a primeira coisa que eu não entendo que seja permitido em Portugal é que haja foguetes nas festas de Verão. Palavra de honra que eu não entendo".