Kamala Harris alerta para consequências sérias de deixar Trump voltar à Casa Branca
A candidata presidencial democrata Kamala Harris alertou para o perigo de deixar Donald Trump regressar ao poder nos Estados Unidos, durante o seu discurso de consagração na convenção nacional democrata, em Chicago.
"De muitas formas, Donald Trump não é um homem sério", afirmou a democrata na quinta-feira (madrugada de hoje em Lisboa). "Mas as consequências de pôr Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias", avisou.
"Considerem não apenas o caos e a calamidade de quando ele estava no poder, mas também a gravidade do que aconteceu desde que ele perdeu a última eleição", urgiu Harris, lembrando o assalto ao Capitólio que levou a várias mortes, incluindo de polícias.
A ex-procuradora também mencionou os outros casos em que Donald Trump foi considerado culpado, desde abuso sexual a fraude e interferência eleitoral em Nova Iorque.
"Considerem o que ele quer fazer se lhe dermos poder outra vez", alertou. "Considerem a intenção explícita de libertar os extremistas violentos que bateram nos polícias do Capitólio", disse.
"Considerem a intenção de mandar para a cadeia jornalistas, oponentes políticos e todos os que vê como inimigos", continuou. "Considerem o poder que ele terá, em especial depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter decidido que ele é imune de acusações criminais", frisou a candidata.
No quarto e último dia de convenção, Harris pediu aos eleitores para imaginarem um Donald Trump sem salvaguardas e como ele usaria o imenso poder da presidência.
"Não para melhorar as vossas vidas, não para fortalecer a nossa segurança nacional, mas para servir o único cliente que ele alguma vez teve, ele próprio".
Antes, no discurso, Harris tinha falado do seu histórico como procuradora e de como o povo dos EUA foi sempre o seu único cliente.
A democrata também falou do Projeto 2025, um conjunto de políticas conservadoras para orientar um potencial novo mandato de Trump.
"Não vamos voltar para trás", declarou Harris, recusando muitas destas medidas, tais como cortar na Segurança Social e no Medicare, desmantelar o sistema de saúde conhecido como Obamacare, eliminar o Departamento de Educação e aprovar uma proibição nacional do aborto.
"Toda a gente sabe que Donald Trump não luta pela classe média, luta por si e pelos amigos milionários", disse Harris.
O discurso encerrou a convenção nacional democrata, um mês depois de Joe Biden ter desistido da corrida e aberto as portas a Kamala Harris.
Harris promete corte de impostos para classe média e direito ao aborto
A candidata democrata à presidência dos EUA Kamala Harris apresentou o plano económico e social se for eleita, incluindo um corte de impostos para a classe média e a restauração do direito ao aborto.
"Vou criar uma economia de oportunidades onde toda a gente tem a chance de competir e ter sucesso, quer viva numa pequena aldeia ou grande cidade", afirmou a candidata, na quinta-feira à noite, no discurso de encerramento da convenção nacional democrata em Chicago.
"Vamos aprovar um corte de impostos para a classe média que vai beneficiar 100 milhões de americanos", prometeu, acrescentando que o seu plano económico inclui programas de acesso a financiamento para pequenas empresas e empreendedores.
Uma futura administração Harris também tentará juntar sindicatos e empresas para melhorar salários e condições de trabalho, e ainda reduzir os custos dos produtos de uso quotidiano.
"Vamos acabar com a escassez de habitação na América", garantiu, comprometendo-se também a proteger os benefícios da Segurança Social e Medicare.
Ao nível de políticas de saúde e sociais, o foco de Harris esteve na restauração dos direitos reprodutivos, após a revogação do direito federal ao aborto pelo Supremo Tribunal, e a proteção de outros direitos ameaçados, como acesso a contracetivos e a inseminação artificial.
A democrata avisou que o candidato republicano, o antigo Presidente Donald Trump, responsável pela nomeação dos juízes que revogaram a lei que garantia o acesso ao aborto, ainda não está satisfeito.
"Como parte da sua agenda, ele e os seus aliados vão limitar o acesso a contracetivos, banir medicação abortiva e instaurar uma proibição nacional do aborto", avisou, referindo a intenção descrita no Projeto 2025 de criar um Coordenador Nacional de Aborto para registar abortos, incluindo os espontâneos.
"Estão loucos", caracterizou Harris. "Porque é que não confiam nas mulheres?", questionou. "Confiamos nas mulheres. Quando o Congresso aprovar uma lei para restaurar a liberdade reprodutiva, como presidente irei orgulhosamente promulgá-la", disse.
Harris também prometeu aprovar legislação para reforçar o direito ao voto e abordou a questão da segurança na fronteira, um dos pontos mais fracos da administração devido ao grande aumento de migrantes (legais e ilegais).
A candidata falou do pacote de segurança para a fronteira acordado entre democratas e republicanos, que não foi aprovado porque Trump pediu aos congressistas, liderados por Mike Johnson, que o abandonassem, por considerar que seria mau para a sua campanha.
"Como presidente, vou recuperar a lei bipartidária que Donald Trump matou e vou promulgá-la", disse Harris. "Podemos honrar a nossa herança como nação de imigrantes e reformar o nosso sistema disfuncional de imigração", considerou. "Oferecer um caminho para a cidadania e proteger a fronteira", acrescentou.