Governo da República acompanha situação que "deve preocupar todo o país"
O Governo disse hoje estar a acompanhar a situação do incêndio "intenso e extenso" da Madeira, que deve "preocupar todo o país", mas, tal como o executivo regional, sublinha que não existem vítimas, nem habitações ou infraestruturas críticas afetadas.
Na conferência de imprensa do Conselho de Ministros de hoje, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que "o Governo da República tem estado em contacto permanente com o Governo regional, que tem a responsabilidade de coordenação operacional", acrescentando que "tem acompanhado" a situação, "prestado apoio", referindo os 150 operacionais enviados do continente para a região autónoma para reforçar o combate ao fogo.
"A perda de vida natural, perda de capital natural, preocupa-nos naturalmente e é de lamentar. Por outro lado, à data de hoje, a esta hora, não se registam nem perdas de vidas humanas, nem perdas de habitações nem de infraestruturas criticas. Dentro de algo que é sempre de lamentar e uma tragédia natural, é um dado que diminui essa aflição, a ausência de vitimas humanas e perda de habitações", sublinhou o governante.
O acompanhamento permanente pelo Governo da República tem acontecido a "vários níveis", desde chefes de Governo a ministros e secretários regionais ou ainda de estruturas operacionais, precisou.
Sobre a ativação do mecanismo europeu de proteção civil, Leitão Amaro disse que "foi ativado quando as autoridades regionais entenderam que estratégica e taticamente era o momento adequado", esclarecendo que o recurso a dois aviões Canadair, já em operação na Madeira, provenientes de Espanha, invés de usar os meios aéreos nacionais, tem a ver com a capacidade e autonomia de voo das aeronaves espanholas.
"Enquanto os Canadair espanhóis podem ir a voar de Málaga, onde estavam, até à Região Autónoma da Madeira, onde já estão a esta hora, fazendo paragens, creio que nas [ilhas] Canárias, não tenho a certeza, [mas] sempre a voar, portanto numa deslocação rápida, no caso dos Canadair portugueses, que têm um outro modelo, uma autonomia de voo mais curta, teriam de ser transportados por um ferry ou um cargueiro, o que demoraria três dias, pelo menos", explicou o ministro.
Leitão Amaro sublinhou que em incêndios anteriores, como o que destruiu o hospital de Ponta Delgada, nos Açores, em maio, o Governo "já demonstrou (...) plena solidariedade com as regiões autónomas", tendo aprovado medidas de apoio à região para fazer face a tragédia que ali se verificou".
"Continuaremos sempre assim no mesmo espírito, com proximidade e apoio permanente", disse.
O incêndio na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.
Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 4.930 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.