Oposição rejeita validação da vitória eleitoral de Maduro pelo Supremo
O principal candidato da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, condenou hoje a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que considerou válidos os resultados oficiais das eleições presidenciais que ditaram a reeleição de Nicolás Maduro.
"Senhores do STJ: nenhuma decisão substituirá a soberania popular. O país e o mundo conhecem a vossa parcialidade e, portanto, a vossa incapacidade de resolver o conflito. A vossa decisão só agravará a crise. Nós, venezuelanos, não estamos dispostos a renunciar à nossa liberdade nem ao nosso direito de mudar em paz para viver melhor", escreveu na sua conta da X, antigo Twitter.
Na mesma rede social, Edmundo González Urrutia, sublinhou que "a soberania reside de forma intransmissível no povo".
"Os órgãos do Estado emanam da soberania do povo e estão sujeitos a ela. Não usurparão a verdade", avisou.
O Supremo da Venezuela considerou válidos os resultados das eleições presidenciais, realizadas em 28 de julho, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que ditaram a reeleição de Nicolás Maduro, rejeitada pela oposição e parte da comunidade internacional, que alegam fraude..
A Câmara Eleitoral do TSJ certificou "sem objeções" os resultados do CNE e, assim, declarou Maduro Presidente eleito da Venezuela para o período 2025-2031, apesar das acusações de fraude da oposição, que exigiu a divulgação das atas, bem como vários países e entidades internacionais.
A decisão de hoje foi tomada em resposta a um pedido de Maduro para rever os totais de votos, após a oposição ter publicado registos de votação 'online' de 80% das mesas de voto, mostrando que o candidato da oposição ganhou por uma margem de mais de dois para um.
O anúncio foi feito em Caracas pela presidente da Câmara Eleitoral, uma das seis câmaras que compõe o STJ, Caryslia Beatriz Rodríguez.
O também opositor Henrique Capriles, candidato da oposição nas eleições presidenciais de 2012 e 2013, disse que a sentença "não resolve nem muda o que o povo venezuelano decidiu em paz com o seu voto", mas antes aprofunda a "gravíssima situação institucional" no país sul-americano, marcada pela "desconfiança" dos cidadãos nas instituições.
"Continuaremos a trabalhar com o povo para garantir que a verdade prevaleça e que a soberania popular seja respeitada em paz. A mentira nunca poderá ser uma solução para a Venezuela", proclamou Capriles nas redes sociais.
A missão internacional da ONU para a Venezuela, liderada pela portuguesa Marta Valiñas, alertou hoje para a "falta de independência e imparcialidade" do STJ venezuelano.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.