Câmara de Santana encerrou trilhos e reforçou policiamento para evitar circulação de pessoas
A Câmara de Santana, no norte da Madeira, encerrou alguns trilhos devido ao incêndio na área do Pico Ruivo, na cordilheira central, indicou hoje o presidente do município, referindo que o policiamento foi reforçado para impedir a circulação de pessoas.
"Temos algumas veredas encerradas e até foi reforçado o policiamento por parte da PSP e mesmo da parte da Polícia Florestal, porque ontem [quarta-feira] ao longo do dia praticamente quase todos os turistas desrespeitaram [a proibição de circulação], quer na Levada do Rei, quer no acesso às Queimadas, na Levada do Rancho, entre o Pico das Pedras e as Queimadas", adiantou à agência Lusa Dinarte Fernandes.
O autarca disse compreender a frustração dos turistas que pretendem percorrer as montanhas do concelho, mas, apesar de alguns trilhos atravessarem áreas distantes dos focos ativos de incêndio, insiste em mantê-los encerrados.
"A gente não pode deixar estes trilhos abertos, sob pena de haver acidentes com turistas e depois temos de mobilizar meios que neste momento são essenciais para estar no terreno no combate aos incêndios e não propriamente para socorro em montanha", alertou.
Dinarte Fernandes indicou que o fogo mais crítico está "encaixado no fundo do vale" e a preocupação é que possa subir a encosta, estando a ser combatido pelo helicóptero do Serviço Regional de Proteção Civil, o único meio aéreo disponível na região autónoma.
"O incêndio, neste momento, está em lugares que só mesmo através de meio aéreo é que se pode combater, porque meios humanos no terreno é complicado", explicou, acrescentando que o tempo naquela zona "está bastante quente", mas não sopra vento, circunstância que leva à acumulação de fumo e dificulta a visibilidade.
O presidente da Câmara de Santana referiu ainda que o fogo ainda não atingiu a floresta Laurissilva, mas admitiu que, se não for contido no fundo do vale, há essa possibilidade.
O incêndio na Madeira continua hoje com duas áreas de fogo ativas sendo a que evoluiu para a cordilheira central, principalmente na Achada do Teixeira, Pico Ruivo, a que mais preocupa, indiciou o Serviço Regional de Proteção Civil
"Neste momento, continuamos com duas áreas que nos causam preocupação, principalmente na Achada do Teixeira, no Pico Ruivo, na cordilheira central da ilha da Madeira. Nesta zona, durante a noite tivemos algumas evoluções por ação do vento, tendo o fogo progredido na encosta este do Pico Ruivo e que está a descer para a Fajã da Nogueira, que é uma zona que preocupa", disse o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil em declarações à agência Lusa cerca das 08:00.
De acordo com António Nunes, as chamas estão também a progredir de forma descendente em direção a norte para o Caldeirão do Inferno, também no concelho de Santana, que preocupa igualmente por ser na floresta Laurissilva.
O combate ao fogo será reforçado com dois aviões Canadair pedidos pelo Governo português à União Europeia, no âmbito da ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que chegam hoje à Madeira.
Hoje estão também no terreno 60 operacionais que integraram a Força Especial de Proteção Civil e que chegaram à região na quarta-feira.
"Com a chegada de mais 60 bombeiros à Madeira, neste momento, esta força passa a integrar os 151 operacionais no combate aos incêndios na Madeira", refere uma nota da Secretária Regional da Saúde e Proteção Civil.
O incêndio na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais.
Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 4.930 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.