DNOTICIAS.PT
Artigos

Usar ou não emojis?

Quem já não hesitou se deveria ou não recorrer a um emoji? Será que não fica bem usarmos carinhas expressivas e coraçõezinhos em determinados contextos?

O termo emoji, de origem japonesa, deriva da junção dos termos “e”, que significa imagem, e “moji”, letra. Os emojis são, portanto, ideogramas, ícones digitais, que se usam para expressar uma ideia, emoção ou conceito nas mensagens eletrónicas e na comunicação online. Foram criados em 1999 e, segundo o Emojipedia, já existem mais de três mil cadastrados. A sua influência é tanta que, em 2015, o Dicionário Oxford elegeu, pela primeira na história, o pictograma que representa a “cara com lágrimas de alegria” como “palavra do ano”. Ainda outra curiosidade: um pacote com mais de 170 ícones foi incluído no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Independentemente de sermos da Geração X, Y ou Z, devemos ponderar o uso de pictogramas consoante o contexto. Há uns anos, os ícones expressivos eram vistos como elementos de comunicação quase obrigatórios e ainda há quem defenda a sua utilização devido às suas vantagens comunicacionais. Contudo, como a moda, tudo se adapta. Atualmente, há mesmo recomendações que apontam para a não utilização destes, para não sermos vistos como velhos ou démodés. O ideal é adaptar a mensagem ao recetor, para não ferir suscetibilidades.

Na verdade, pior do que hesitar no envio de um emoji, é arrepender-se por tê-lo usado numa mensagem depois de receber como resposta umas secas palavras que podem ter leituras como: que antiquado, que abusador, que despropositado… Talvez por isso manda o bom senso agir em conformidade com o interlocutor. Não obstante, se gostarmos mesmo muito de os usar, é melhor arriscarmos apenas com quem tenhamos mais confiança e reservarmos as carinhas expressivas para situações mais apropriadas. E não exagerar na dose: não é muito agradável ter de decifrar o conteúdo de uma mensagem cheia de símbolos que muitas vezes podem ter interpretação diferente, como se de um criptograma se tratasse.

E em contexto profissional ou académico? É correto usar emojis nos e-mails ou em qualquer tipo de mensagens de texto, via SMS, WhatsApp ou outros?

Já várias vezes alunos me questionaram sobre a pertinência da utilização de emojis numa comunicação formal e a minha resposta é sempre a mesma: em e-mails não me parece apropriado. Já em aplicações para troca de mensagens de grupos de trabalho e afins, se houver abertura para isso, ou seja, se quem administra o grupo e os restantes membros utilizarem ícones expressivos, pode-se usar, mas nunca de forma exagerada.

Alguns estudos defendem que a utilização de emojis em contexto profissional é favorável, sobretudo a nível mental, uma vez que estes têm a vantagem de se assimilar com rostos reais, o que permite expressar intenções e emoções, para além de ajudar a disfarçar a timidez. No entanto, outros estudos rejeitam em absoluto a utilização destes, porque empobrecem a linguagem, na medida em que há uma simplificação desta, pois estes ícones substituem descrições de sensações de afeto, alegria, tristeza, ódio, assertividade, negação, etc.

Por outro lado, é importante sublinhar que o recurso a emojis no contexto da publicidade e do marketing digital pode ser uma mais-valia, pelo que cada vez mais empresas e organizações optam pela utilização de representações gráficas nas suas comunicações. Porém, devem ser usados sempre na dose certa e tendo em conta as vantagens e as desvantagens da sua utilização. Uma campanha que pretende chamar a atenção pode recorrer a ícones expressivos, mas é importante avaliar muito bem o emoji a utilizar, para que este não gere qualquer dúvida, e deve-se ter em conta que, dependendo do dispositivo e do sistema operativo, este pode surgir de forma diferente no ecrã do potencial público-alvo.

P.S.: Se tivesse de recorrer a um emoji para simplificar ou descrever o meu sentimento no momento em que envio este texto, seria, sem dúvida, uma carinha triste. Este espelharia o meu estado espírito, coincidente, certamente, com a de quase todos os madeirenses, que se sentem impotentes, desgostosos e preocupados com o que se está a passar na nossa ilha, que mais uma vez é assolada por fogos devastadores.