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Novamente os incêndios na Madeira

Já se vai tornando uma realidade que frequentemente visita a nossa Madeira, as serras a arder com ameaças de destruição de casas e de outros bens de madeirenses. Foi 2010, foi 2012, foi 2016, foi 2023, foi 2024, para só falarmos dos grandes incêndios dos último anos, em que a memória nos faz lembrar as grandes labaredas vistas à distância, o número de mortes e de feridos ligeiros ou graves para além da perda de um património muito rico e a perda de muitos animais domésticos. Repetem-se sempre os mesmos erros, o que nos leva a admitir que é mais incompetência do que erros. Recusa-se o apoio do continente e dos Açores para logo depois aceitar e recomeçar com as exigências de outras naturezas.

Na passada Quarta Feira, da semana passada, ao passar na Serra de Água, abrandei a velocidade do carro e olhei para o que seria o início de um fogo. Reparei que estava vento, talvez o tal que dificultou a atuação do helicóptero e que o incêndio tinha tendência para subir. Comentei com a minha mulher se continua o vento o helicóptero perde a oportunidade de fazer o seu trabalho, porque este meio de extinção de fogo só funciona no começo do incêndio e com a subida do lume poderá aumentar grande mente a sua devastação. Espero que a Proteção Civil vá fazer o seu trabalho na zona da Trompica onde a orografia é menos agreste, com máquinas pesadas abrindo aceiros ou valas corta incêndios para evitar que alastre pelo mato seco e chegar à Boca dos Namorados, podendo chegar ao Curral das Freiras e passar pra o outro lado da ribeira dos Socorridos, pondo o Funchal e toda a zona do Pico do Areeiro e, podendo mesmo continuar para zonas de difícil acesso. Esta minha conversa não foi ouvida pelos senhores da Proteção Civil, que ainda não perceberam que as máquinas pesadas também são utensílios para a extinção do fogo e sua propagação.

Tudo isto veio pôr a descoberto toda a prevenção que não foi feita. Terrenos abandonados cheios de “combustível” (ervas, canas vieira e mato seco). Entretanto decide-se que seria boa ideia aceitar o apoio oferecido pelo continente e pelos Açores. Chegam à Madeira 76 especialistas, nos quais se incluem verdadeiros SAPADORES, que de imediato põem máquinas pesadas no campo a abrir zonas de contenção de fogo, nomeadamente no Paúl da Serra onde tiveram que destruir o trabalho mal feito por outras máquinas contratadas pelo Governo Regional quando andaram nessa zona a estilhaçar plantas de giesta e de carqueja. Só que esse trabalho deveria ter sido feito antes dessas terem flores amarelas que dão um colorido tão bonito, como de perigoso, porque o mesmo tempo que estilhaçavam as plantas, iam, também espalhando as sementes que entretanto essas plantas, a destruir, tinham produzido no seu ciclo normal de vida.

Por outro lado, enquanto no continente é obrigatório os proprietário agrícolas limparem os seus terreno, antes do Verão, na Madeira essa lei não existe porque o Governo Regional não quer, reprovando, nomeadamente, propostas feitas pela oposição pra que se aplicasse, na Assembleia Regional, também na Madeira.

O Presidente do Governo Regional estava de férias, não no Dubai, mas ali mesmo no Porto Santo, assim como o Secretário Regional da Proteção Civil e ao fim de alguns dias de incêndio, decidiram interromper as férias, que é um direito que lhes assiste e regressaram à Madeira cheios de arrogância, procurando atirar-se à oposição, como se fossem os culpados do que estava a acontecer na Madeira, mas também atirando-se para o interior do seu próprio partido, classificando alguns “companheiros” como abutres. Será que essa atitude foi correta? Na nossa opinião, não foi, porque deveriam mostrar-se humildes e assumirem os erros dos seus governantes e pedido desculpa aos madeirenses por estarem a governar tão mal.

Repare-se num pormenor: Miguel Albuquerque esteve em todos esses incêndios a que nos referimos no princípio deste artigo, ou como Presidente da Câmara do Funchal ou como Presidente do Governo Regional da Madeira. Pensamos nós, que é altura de rolarem algumas cabeças, nomeadamente da Presidência do Governo, da Secretaria onde está incluída a Proteção Civil e da própria Proteção Civil.

Já agora, mais uma coisa, há quem peça mais um meio aéreo, mais um helicóptero e nós perguntamos se o vento não permitiu a atuação de um helicóptero, será que iria permitir a atuação de dois helicópteros? Não seria melhor um helicóptero mais potente de modo a carregar mais água em cada descarga?

Ainda queríamos perguntar: quando é que será construída uma rede de tanques espalhados por toda a Ilha de modo a facilitar a atuação do helicóptero?

E pra terminarmos, mais uma pergunta: Porque será que o humano é o único ser vivo, capaz de escolher para chefe da manada um incompetente? Porque não aprendemos com o nosso passado recente?

Por hoje ficamos, por aqui.