Reforço de meios aéreos é "necessário e urgente"
O reforço dos meios aéreos para combater o incêndio na ilha da Madeira é "necessário e urgente", afirmaram hoje representantes dos bombeiros profissionais, assegurando que "um meio aéreo não é suficiente" num fogo com aquelas características.
"Mais uma vez, a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) solicitam ao Governo da Região Autónoma da Madeira e ao Governo da República que coloquem em ação mais um meio aéreo", apelaram as associações, em comunicado conjunto divulgado ao final da tarde.
De acordo com os bombeiros profissionais, é preciso avaliar "a estratégia de combate no que diz respeito a meios humanos e viaturas", assim como "garantir o apoio de meios aéreos para o ataque às chamas que lavram em locais que impedem a chegada de meios por terra".
Entretanto, fonte do Governo da República disse à Lusa que o executivo iria ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil para serem enviados dois aviões Canadair, com tipologia própria para intervir na Madeira, para ajudar nas operações no arquipélago, que dispõe de um único meio aéreo (um helicóptero).
A ANBP e a SNBP referiam na nota -- divulgada antes de se conhecer a ativação do Mecanismo Europeu - que deveriam ser colocados em ação mais um helicóptero médio ou pesado, ou "dois meios aéreos (Air Trator ou Fire Boss), testados em 2017, aumentando a capacidade de água para combate" ao incêndio.
Os profissionais disseram ainda que não querem "entrar nas 'tricas' políticas que, como sempre, aquecem o verão à conta dos incêndios florestais", mas deixaram várias questões à atuação dos governantes.
"A orografia dos locais torna difícil e quase impossível a atuação dos bombeiros", sublinharam.
Numa conferência de imprensa hoje às 19:00, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, adiantou que os aviões, que serão abastecidos na ilha do Porto Santo, com água potável, a partir das bocas-de-incêndio do aeroporto, começam a operar a partir de quinta-feira à tarde.
Estes aviões serão "utilizados sobretudo na cordilheira central", disse, realçando que "nenhum destes meios pode ser utilizado nem em zona urbana, nem em zona agrícola, porque despejam cerca de 6.000 litros de água em cada descarga".
O chefe do executivo madeirense referiu ainda que a avaliação da viabilidade de utilizar os dois Canadair começou na terça-feira, explicando que, entretanto, o pedido dos meios aéreos foi feito pela região ao Governo nacional, que por sua vez formalizou o pedido junto da autoridade europeia.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou há uma semana, dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.
Nestes oito dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, indicados pelo presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, apontam para perto de 4.393 hectares de área ardida até às 12:00 de terça-feira.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas Miguel Albuquerque já disse tratar-se de fogo posto.