Este é o maior incêndio de que há memória?
O fogo que deflagrou há uma semana na Serra de Água e que já consumiu mais de 4 mil hectares na Madeira já é considerado um dos maiores incêndios da Região.
Há quem diga mesmo que “não há memória de um incêndio que consumisse a Madeira de uma ponta a outra, passando por tantos concelhos”.
A verdade é que, tal como o DIÁRIO tem noticiado, o fogo já atingiu o concelho da Ribeira Brava, Câmara de Lobos, São Vicente, Ponta do Sol e Calheta. Chegou também ao Pico do Areeiro e ao Pico Ruivo. Mas será que não há memória de um incêndio desta dimensão?
Em Setembro de 1994 o DIÁRIO dava conta de que os incêndios florestais estavam activos por toda a ilha, excepto no concelho de Santana.
Na freguesia da Camacha, por exemplo, várias famílias ficaram em risco de perder as casas, num “violento incêndio com várias frentes activas” que estava a ser combatido pelos Bombeiros Voluntários Madeirenses e pelos Bombeiros Municipais de Santa Cruz.
O incêndio lavrava também no Chão da Lagoa, Montado do Barreiro, Ribeira das Cales e na Estrada das Carreiras.
De madrugada chegaram novos pedidos de ajuda para as serras de Gaula, Curral das Freiras e Três Paus à Viana, na freguesia de Santo António.
Os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos foram, entretanto, chamados para apagar o fogo que deflagrou nas serras do Estreito, Quinta Grande e no sítio do Foro.
O lume chegou ainda ao sítio de São Paulo, na Ribeira Brava, o que deixou algumas casas em perigo.
A certa altura havia praticamente bombeiros de todas as corporações da Madeira destacados para combater os incêndios que atingiram ainda a Calheta, nomeadamente os Prazeres e Paul da Serra.
Bombeiros, militares, guardas florestais e PSP estavam “com sede, fome, intoxicados e exaustos” e os ventos fortes e cruzados não davam descanso.
O facto de a levada mais próxima das Carreiras ter secado foi outra das grandes preocupações.
Oitenta por cento da área reflorestada do Barreiro foi devastada por este incêndio.
Cercados pelo fogo em 2010
Os incêndios de 2010 também consumiram uma grande área e atingiram vários concelhos da Madeira. Os principais focos registaram-se na Eira do Serrado, em Gaula e na Camacha.
Neste mês de Agosto os incêndios destruíram 8% de todo o território da ilha, tendo a Madeira perdido 10,4% de toda a sua mancha florestal. Houve várias casas em risco, arderam animais e palheiros.
Todas as corporações de bombeiros da Região estiveram a combater este incêndio, num total de mais de 400 operacionais.
Agosto de 2016, o mais mortífero
Os incêndios de Agosto de 2016 provocaram três mortos, cerca de mil pessoas foram evacuadas e dezenas de casas arderam. Foram dos piores de que há memória.
O concelho do Funchal foi o mais afectado depois do fogo ter deflagrado na zona da Alegria. Lisboa mandou 36 bombeiros para ajudar os bombeiros da Madeira e os Açores outros 20.
Mas o vento e as temperaturas que ultrapassaram os 30 ℃ não deram tréguas e o fogo destruiu mais de seis mil hectares de floresta e afectou zonas urbanas.
O cenário na cidade era devastador.