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Incêndios Madeira

Albuquerque "imagina que tem direito de fazer tudo o que quer"

Joaquim Jorge volta a dedicar artigo de opinião ao presidente do Governo Regional e censura todo o seu comportamento desde o início dos incêndios na Madeira

Igor Martins/Global Imagens
Igor Martins/Global Imagens

Cronista do jornal on-line português 'Notícias ao Minuto' estabelece diferenças, uma vez mais, entre Miguel Albuquerque e Alberto João Jardim.

Joaquim Jorge acreditava que "as coisas iam acalmar e encarreirar" após publicar o seu último artigo de opinião - em que apelidou Miguel Albuquerque de "monstrinho". Mas, segundo o próprio, tal não aconteceu.

Em novo artigo de opinião dirigido ao presidente do Governo Regional, o fundador do Clube dos Pensadores voltar a classificar como errático todo o comportamento de Albuquerque desde que o incêndio deflagrou, no dia 14 de Agosto, na Madeira.

Miguel Albuquerque esteve, de novo, na ilha do Porto Santo em gozo de férias! Depois de muitas críticas e pressões, decidiu hoje visitar as zonas afectadas. Finalmente! Até que enfim! Vale a pena criticar.   Joaquim Jorge

Albuquerque é "monstrinho" pior do que Alberto João Jardim

Fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, arrasa presidente do Governo Regional

Apesar do regresso à Madeira, o também biólogo censura o regresso ao Porto Santo depois de uma curta visita à Madeira para se inteirar dos fogos na primeira pessoa.

"Eu, sinceramente, não queria acreditar. Perante o cenário dantesco e de destruição na Madeira, pelo incêndio que lavra desde quarta-feira, era de bom senso ficar na Madeira, para se inteirar e poder dar apoio presencial aos madeirenses a tudo que se passasse. Tem essa obrigação como presidente do Governo Regional da Madeira, e também por que está a arder a Floresta Laurissilva, considerada em 1999 pela Unesco como Património da Humanidade".

Albuquerque diz que não há razão para alarmismos nem precisa que ninguém lhe dê "lições"

O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, diz que não há razão para alarmismos.

Segundo Joaquim Jorge, esta foi, novamente, "uma atitude errática e sem nexo". A cronologia de eventos é recuperada e criticada pelo cronista do 'Notícias ao Minuto'.

Começou por reagir tardiamente ao incêndio, numa primeira fase não aceitou apoio do Continente, depois, disparou em toda a gente que o criticou. Depois, borrifou-se e voltou para as suas férias. Mas, num golpe de sensatez, voltou à Madeira. Começou por demorar a estar presente e não interrompeu as férias. O incêndio começou na quarta-feira, mas só saiu das suas férias de Porto Santo para estar na Madeira no sábado. Podia ter feito ‘mea culpa’ e perceber o quão não foi solidário e líder nesta catástrofe. Joaquim Jorge

"Eu penso que Miguel Albuquerque está com uma “síndrome de poder”. O seu comportamento e atitudes são altamente condenáveis. Só reage muito pressionado e a destempo. Miguel Albuquerque uma vez no poder, tornou-se um convencido e esqueceu completamente o objectivo para que foi eleito. A ideia que ele tem de si é a de ser uma pessoa boa que protege os cidadãos da Madeira e desempenha um papel indispensável. Em contrapartida, imagina que tem o direito de se permitir certos caprichos e de fazer tudo que quer, sem que ninguém tenha nada a dizer. Mesmo cometendo actos repreensíveis, acha que não é grave, tendo em conta a dedicação (pensa ele) com que cumpre a sua tarefa", escreve ainda Joaquim Jorge.

Mais uma vez, e à semelhança do anterior, o colunista remata o seu artigo de opinião ao estabelecer diferenças entre Miguel Albuquerque e Alberto João Jardim.

Quando se detém o poder e a força do poder deve-se ser duplamente vigilante e ouvir quem não está de acordo connosco. A democracia, nos dias que correm, já não é ‘blasé’, as pessoas estão atentas, informadas e exigentes. Miguel Albuquerque que apunhalou Alberto João Jardim para ascender ao poder, pensa que sabe tudo, mas ainda, tem muito que aprender com Alberto João Jardim. Alberto João Jardim nunca cometeria tantos erros seguidos, sempre teve um lado humilde e reconhecimento de falhas ou excessos para melhorar e fazer avançar a Madeira." Joaquim Jorge

Sindicato Nacional da Protecção Civil pede demissão de Pedro Ramos e António Nunes

"Ao fim de 7 dias de um incêndio na Madeira e mais de 10% da ilha ardida, há que tirar as devidas consequências das decisões e da falta delas", começa por dizer o Sindicato Nacional da Protecção Civil em comunicado.

Rui Calafate também censura comportamento

Este é um incêndio que se combate no teatro de operação, mas que em termos de análise política também tem provocado faísca. Joaquim Jorge não é caso único e Rui Calafate, consultor de comunicação e comentador na CNN-Portugal, também censurou todo o comportamento de Miguel Albuquerque.

"Aquilo que me parece é o seguinte. Neste momento, qualquer que seja uma catástrofe, quando está uma população em perigo, espera-se de um líder político compaixão. E daquilo que eu vi, eu vi muito pouca compaixão", começou por mencionar, no seu espaço de comentário.

Há uma coisa que me pareceu ridícula, logo. Apareceram em vários rodapés de todos os jornais a dizer 'Miguel Albuquerque que interrompe as férias e vai para Madeira'. Mas onde é que ele estava? Quem lia aquelas coisas, que interrompe as férias, parece que estava do outro lado do Mundo. Não. Estava em Porto Santo, na ilha ao lado. Ele não vai dar de imediato apoio? Por muito que seja distante, lá nas montanhas da Madeira, mas não está ao lado dos madeirenses? E depois, quando chega, em vez de ter as palavras de compaixão, sinceramente, comportou-se como um incendiário político. Porque quando chega à ilha, em vez de tranquilizar a população, vai falar de abutres, de falhados da política, de treinadores de bancada e, portanto, isto não é discurso de líder, é discurso de quem está encostado às cordas, à defesa por uma coisa que falhou. Rui Calafate
Declarações de Rui Calafate na CNN-Portugal

Albuquerque atira-se aos “abutres políticos” e “treinadores de bancada”

O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, acusou as vozes críticas da área política e sociedade civil de serem “abutres políticos” e “treinadores de bancada sem conhecimento técnico”.

"Não tem nada a ver com estratégias de combate aos fogos. Quando num momento de crise nós temos apoios e há gente, neste caso o Governo do continente, disponível para ajudar, e essa ajuda não é aceite pelo Governo Regional da Madeira e por quem comanda este combate, isto é perfeitamente irreflectido. Isto é irresponsável", rematou.