Governo Regional da Madeira diz que Laurissilva não foi atingida
O Governo Regional da Madeira assegurou hoje que a floresta Laurissilva "não foi atingida" pelo incêndio que lavra há sete dias na zona sul da ilha da Madeira e remeteu um balanço da área ardida para mais tarde.
Contactada pela agência Lusa ao início da tarde, fonte da Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente da Madeira indicou que, "até ao momento", o incêndio rural não provocou danos nesta área, acrescentando que a formação florestal se encontra noutra parte da ilha.
"Neste momento estamos concentrados neste esforço de combater este incêndio. Para já, não podemos fazer um balanço", referiu a mesma fonte.
A garantia do Governo Regional da Madeira vem ao encontro das declarações feitas também à Lusa na segunda-feira pelo professor universitário e ex-presidente da associação Quercus Hélder Spínola, que indicou que as chamas não deveriam ameaçar a Laurissilva, Património Mundial Natural da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) desde 1999.
O académico explicou que onde o fogo lavra com maior intensidade (zona sul da ilha da Madeira) predominam sobretudo "espécies exóticas e invasoras", ainda que com alguns "elementos nativos próprios".
Hélder Spínola referiu que os ecossistemas mais bem preservados da ilha, do ponto de vista da biodiversidade, estão nas encostas viradas a norte e "felizmente ainda não estão a ser afetadas pelos incêndios".
A Laurissilva é o nome por que é conhecida a floresta indígena da Madeira, constituída predominantemente por árvores e arbustos de folhagem persistente, segundo informação do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN).
A formação florestal já existia quando os navegadores portugueses chegaram ao arquipélago da Madeira no século XIV, ocupando uma área de cerca de 15.000 hectares, o equivalente a 20% do território da ilha. Localiza-se essencialmente na costa norte, dos 300 aos 1.300 metros e altitude.
Na costa sul persiste em alguns locais de difícil acesso, dos 700 aos 1.200 metros.
O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol.
Nestes sete dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais. Uma bombeira recebeu assistência hospitalar por exaustão, não havendo mais feridos.
Projeções do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, citadas pelo Governo Regional, apontam para sete mil hectares ardidos desde o início do incêndio.
A Polícia Judiciária está a investigar, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, diz tratar-se de fogo posto.