Guterres pede que disputas eleitorais na Venezuela sejam resolvidas "por meios pacíficos"
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou hoje a todas as partes na Venezuela para resolverem qualquer disputa eleitoral "por meios pacíficos" e criticou as detenções arbitrárias de cidadãos, que contestam o anúncio da vitória de Nicolás Maduro.
O diplomata português pediu "novamente total transparência e lembra que todos os cidadãos têm o direito de participar nos assuntos públicos e ninguém deve ser sujeito a prisão ou detenção arbitrária", realçou o porta-voz de Guterres, Farhan Haq, na sua conferência de imprensa diária.
Haq reagiu desta forma depois de ter sido questionado sobre a reação da ONU ao reconhecimento pelos Estados Unidos do candidato da oposição Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições do passado domingo na Venezuela, pergunta à qual não deu resposta.
"Não temos comentários sobre as decisões tomadas bilateralmente por outros países", explicou o porta-voz, sem fazer referência direta a este reconhecimento ou aos protestos pelos resultados eleitorais convocados para sábado em todo o país pelo movimento anti-chavista na Venezuela.
Foram também convocados protestos fora do país, incluindo hoje em frente à sede da ONU em Nova Iorque, cidade onde centenas de venezuelanos já se manifestaram pacificamente durante a semana.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou esta quinta-feira a conclusão de Washington, baseada em "evidências contundentes", de que González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho no país sul-americano.
Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, rejeitou hoje o que considerou ser uma ingerência dos Estados Unidos nas eleições na Venezuela, por reconhecer o opositor Edmundo González como vencedor das eleições.
"Rejeitamos a interferência dos EUA nas eleições venezuelanas, ignorando [os] resultados oficiais anunciados pela autoridade eleitoral e ignorando as ações legais em curso relativas a este processo", frisou o ministro cubano, na rede social X.
Rodríguez acrescentou na sua mensagem que "a manipulação e a interferência fazem parte da política reconhecida daquele país [EUA] para desestabilizar [a] região".
Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano proclamou Maduro Presidente eleito do país para o período 2025-2031, com 51,2% (5,15 milhões) dos votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2% (pouco menos de 4,5 milhões de votos), indicou o CNE.
A oposição venezuelana reivindicou a vitória nas presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, com a líder opositora María Corina Machado a recusar reconhecer os resultados oficiais e a apresentar a sua contagem de votos, que representa 80% das assembleias de voto e mostra que González Urrutia "recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável".
De acordo com a página resultadosconvzla.com, hoje, quando afirmam ter digitalizado 81,25% das atas, Edmundo González soma 67% dos votos (7.173.152 votos), contra 30% para Maduro (3.250.424).